segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Songs and lovers

por Luciano Melo

Os pedregulhos saltando no cristal do riacho trincavam a água como os caquinhos azarados de um espelho qualquer. A cada latejo na gélida pista, um cortante zunido enxotava as aves de inverno dos galhos ensaboados de neve, batendo asas em frenesi. George T. Schiefer nunca se esquecera daquilo. “Minha árvore de açúcar”, ria, quebrando as folhas da macieira revestidas de gelo.
As faíscas das pedras talhando a solidez do córrego. Asas. Frenesi nos olhos. A paisagem açucarada. A s manhãs de T. Schielfer na abadia.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Escritos natalinos

*Desgarrado do prélio celestial, recolhia-se nos escombros da psique alegórica do universo, fitando o rebanho. Esteve presente desde o início de tudo, antes mesmo da claridade do fogo e de tudo que dele depende. Amava-O como nenhum outro dos seus tivera coragem de amar. Era imperfeito. Lançou a solidão e a paixão entre as criaturas mundanas que habitam o imaginário divino e descobriu que não era digno de carregar a Luz. Despiu-se das cândidas vestes que contornavam o corpo consagrado de um guardião e de toda a glória fausta da matéria eterna.
Os olhos percorriam corações encarnados, pensamentos segregados pela ordem da gênese humana, palavras solitárias da cria. Não sentia nada – sentir é demasiado humano – e nem agia – não era mais um deus.
Certa feita ouvira que o odiavam. Desconfiara de que o preceito fosse verdadeiro, mas até então nenhum dos seus tivera coragem de dizer. Decerto não seria ele o único. Não sentiu ódio ou compaixão – apenas a certeza de estar só. Procurou a essência caída dos céus – o Predileto – e ouviu quarenta vezes o silêncio da negação.

*

Naquele instante, o mito da castidade não encontrou o sentido, mas a experiência que torna o mortal a essência fantástica do orbe instaurado. A criação guiou-se pela Estrela Nova, que purifica a margem ribeira – o reflexo da perfeição – e ilumina a lei de pedra, que viu a sarça ardente e secou o pélago rubro. Os pés não mais tocariam o espelho narciso e a moeda ofereceria somente uma face – a outra.
O artesão limpou-O com a aspereza peculiar do ofício e com a dignidade contemplativa de um cerimonial de devoção. Ela quis pedir a Criança para seus braços, aconchegá-la em seu ventre, porque sabia o fado da escolha fundamental, a mãe virginal que inverteu a ordem do Ocidente, a Eva que integra toda fragilidade humana à maneira de Deus.
Mas não pôde. Diante dos trapos encharcados da sangria, deparou-se com a Sombra, a inversão de quem assiste diante de Deus, que habita as ruínas da grande alegoria e, pela primeira vez, sentiu escapar-lhe a alma pelo instante milagroso da oferta divina que se destina.


Por Luciano Melo

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pato Donald in question?

Por Ed Limas e José Luciano de Melo ( dois desocupados )


Por que o Pato Donald se enrola em uma toalha ao sair do banho? Sempre vejo ele nu da cintura para baixo nos desenhos.

Por que o Pato Donald foi mascote do Botafogo? Todos sabem que Donald é fanático por basquete e torce pelo Los Angeles Lakers.

Por que a irmã do Chico Buarque, Ana de Holanda foi escolhida para ser a nova ministra da Cultura? O Chico Buarque apoiou a Dilma com bastante Enfase.

Por que a Shakira estará no rock in Rio 4? O rebolado dela é rock n roll.

Se o Flamengo não é campeão brasileiro em 87, meu albúm de figurinhas é fake?

O que o Otto tem que eu não tenho?

Por que Mickey Mouse faz mais sucesso do que o Super Mouse?

Qual presente Madonna DARÁ para Jesus em seu aniversário?

Por que Tião Macalé não foi considerado o quinto trapalhão?

O que é mais escandaloso Galvão Bueno narrando jogo da seleção ou uma avestruz botando ovo?

Quem é mais pé frio Mick Jagger ou um esquimó?

Por que Laura Pausine vem sempre ao Brasil?

Por que criticam tanto o Berlusconi? Eu fico Puttin com isso.

Por que o ator Nicola Siri não fez sucesso na Itália?

Onde Belchior fará sua ceia de natal?

Por que meu primo adolescente se esconde no banheiro com revistinhas da Turma da Mônica teen?

Quem canta mais Fiuk ou Fábio Junior?

momento luto!!!
Pedimos um minuto de pausa na leitura, pois Dona Escolástica da Escolinha do Professor Raimundo fez a passagem, para os incautos... morreu mesmo!!! Em tempo é bom lembrar que o Ghost também morreu!!!

Por que todo chamava o Patrick Swayze de Ghost?

Por que o Chico Anysio empregou toda sua família na Globo? Onde está seu Boneco?

O que a Alessandra Negrine viu no Otto?

O centenário do Corinthians acabou?

A nova Ministra da Pesca, Ideli Salvatti sabe a diferença entre um Lambari e um Bagre, aliás pra que serve o Ministério da Pesca?

Onde está o cantor mirim Jordy?

Mais uma para o site que fim levou, onde está Teddy Boy Marino?

Por que o Babado Novo acabou?

Quem é mais indicado para dar palestras contra o alcool e as drogas, Ozzy Osbourne ou Keith Richards?

Encerramos por aqui, uma partida de playstation nos espera.


Não desejamos feliz natal, porque somos Judeus, assim como Woody Allen!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Chorando no campo

Ed Limas



Ontem após a derrota do meu time resolvi ouvir música!

"A chuva cai chorando
E o meu amor num vai e vem
No céu, no chão
A rede vai e vai levando
A noite além da noite
Me faz lembrar o que não vivi..." ( Lobão/Bernardo Vilhena )

Lobão é uma espécie da gênio não devidamente reconhecido, o carioca mais paulistano do Brasil é mais lembrado por suas frases e atitudes tresloucadas do que por sua escrita beat, poética e virulenta, que o diga o refrão: " Bangu 1 x polícia nada!"
Eu estava tomando cerveja e pensando em como seria bom meu time campeão, gritos, fogos e socos no ar... lindo. Mas nem tudo é como a gente quer, quero muitas coisas, quero muitos amores e gols, mas muitas vezes o que nos sobra é o sonho e a música.
Chorando no campo, assim muitos jogadores ficam quando a vitória não sorri, assim ficam torcedores que amam seus clubes.
A música estava combinando, chuvendo lá fora e meu time esperando para o ano que vem, quem sabe títulos? Quem sabe o rebaixamento?
Mas voltando ao Lobão, ele indiretamente me consolou com uma música, com sua arte, poesia que serve para estancar a dor.

"A chuva da saudade
de um lugar que eu nunca fui"

sábado, 4 de dezembro de 2010

Uma coisa é certa!

por Ed Limas





Uma coisa é certa não faltará mulher bonita na Copa de 2018, a Russia possui mulheres que tiram o folego de qualquer um, que o digam suas belas tenistas. Outra coisa é certa, em 2022 no Catar vai ter muita mulher coberta por véus e afins.


Mas a coisa mais certa de todas é que o dinheiro sempre falou mais alto na Fifa, Blatter é um cara louco por dinheiro e seus asseclas não ficam atrás.


Como seria legal uma Copa na Holanda e Bégica, uma se notabiliza pela liberdade e outra por suas cervejas artesanais!! Imagine mais uma Copa na terra dos Beatles e Stones, a pátria que inventou o futebol, mas poderia rolar também uma Copa na parte ibérica do globo, onde cidades como Barcelona, Sevila e Bilbao são de deixar a retina feliz com tanta beleza.


Eu estava lendo um texto do Rubem Alves ( gênio da raça / Escritor / educador ) que diz: " Os olhos são a janela do corpo". Para os executivos da Fifa "os bolsos são a porta de entrada da grana".


Sim, leitores a Russia tem uma história monumental nos campos político, cinematográfico e da literatura, porém creio que Blatter e sua turma basearam mais sua escolha nos novos ricos russos pós colapso do socialismo, do que em Máximo Gorki ou Encouraçado Potenkim.


O futebol não é mais o mesmo, mas sempre espero mais do mesmo!


No fim estaremos todos com as janelas do corpo bem abertas para ver o bom e velho futebol.


Morte ao futebol moderno e vida longa ao verdadeiro futebol, mesmo que ele esteja apenas na nostalgia do passado.



Gorki ( será que Blatter já leu alguma coisa dele? )


ps. leiam o romance "A mãe" de Máximo Gorki. ( chorei ao ler )

domingo, 21 de novembro de 2010

A periferia e a camisa 10

Por Ed Limas
Na periferia o povo ouve rock, não necessariamente rock, mas samba rock! Na periferia se come milho no pratinho e o churrasco pode ser literalmente de gato.
Na periferia a maioria é timão, mas tem tricolor, Santos, Palmeiras e mengão, na periferia o shortinho da menina é mais curto, tem piercing na barriga e malicia no olhar, na periferia o esporte é só futebol, se joga descalço, na quadra, na várzea, na rua... seja de dia e com luz do luar.
Na periferia táxi é lotação, na periferia toda música tem que ter refrão, na periferia todo mundo ajuda a encher a lage e depois o churrasco vai até mais tarde.
A periferia não é só cliche, só chegando lá pra entender, tem filosofo de boteco, garanhão de forró, rainha do funk e até punk sofrido. Assim é a periferia, onde os idolos são mais idolos, onde se encontra grafites com a cara do Senna, Ronaldo e Pelé, periferia onde se busca a fé na Igreja de crente e no candonblé.
O jovem na luta, mas as vezes ele perde, se vê cercado por drogas... Esculacho da polícia ou ilusão e a prisão, ruga na cara do pai e sofrimento da mãe... Periferia!!!
Periferia que intectual tenta entender, mas o povo só quer emprego, conforto e abrigo, periferia é "NóIS".
Tudo muda na periferia, tudo se transforma, mas o futebol continua forte e sempre será!!!
Seu Cipriano esta no boteco, faz zigue zague na rua, cambaleia e cai, levanta constrangido, mas feliz, pois sua camisa do Santos continua limpa! A camisa DEZ!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Paul MacCartney e o futebol


por Luciano Melo

Um beatle está entre nós. Parece bobagem, mas hoje Sir Paul divide conosco este mesmo ar embolorado e modorrento de final de tarde. Numa destas, na última quarta-feira, em meio a telefonemas e vodka com soda, há quem jure que MacCartney não desgrudou os olhos do clássico de Wembley, Inglaterra x França. Como onze em cada dez ingleses, ele é fanático por futebol.
Mas muita gente discorda. Brian Epstein, primeiro empresário dos Beatles, proibiu que o grupo declarasse em público seu time de coração, temendo que isso afastasse ou dividisse os fãs – só para se ter ideia da importância do futebol na Inglaterra. Por isso, muitas dúvidas surgem quando este assunto vem à tona: para quem os Beatles torciam?
Como não pretendo esgotar a discussão, minha intenção é apenas acalorar o debate, pôr mais uma dose de soda nesta vodka. Ou seria o contrário?
Nos anos 70, Paul MacCartney foi visto várias vezes em Anfield Road, estádio do Liverpool, acompanhando as partidas dos reds. Durante a década, o Liverpool FC foi uma verdadeira máquina de futebol: cinco títulos ingleses e bicampeão europeu. Paul aproveitou o embalo futebolístico dos reds na Europa e associou o clube à cidade natal da ex-banda, tentando provocar uma “febre beatlemaníaca” na carreira solo. Genial, não?
Contudo, oportunismos à parte, Paul MacCartney, influenciado pelo pai, é apaixonado pelo Everton FC, que diante do Liverpool FC constitui a maior rivalidade da cidade. Todo blues que se preza, tem a gravação não-oficial de Paul cantando o hino do Everton FC.
E quem explica o rosto de Albert Stubbins, astro do meio-campo do Liverpool FC, perdido entre celebridades na capa de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band? John Lennon. Em 2009, Pete Best, o baterista que perdeu o posto para Ringo Starr durante as gravações de Please Please Me, afirmou que Lennon, quando criança, tinha o sonho de atuar pelos reds. Era difícil não encontrar Lennon correndo atrás de uma bola pelas ruas esburacadas de Liverpool. Emblemática, diante disso tudo, a capa de Walls and Bridges (1974), pintada por Lennon em 1952, aos onze anos. Brian Phillips, biógrafo do ex-beatle, remete a pintura à decisão da Copa da Inglaterra de... 52, entre Newcastle e Arsenal. Interessante, não?

Já Ringo Starr é Arsenal FC, desde os tempos em que o padrasto viajava com o garoto para Londres e se juntava com os fanáticos gunners. O jovem Starkey sofria mesmo quando o Arsenal vinha até Liverpool enfrentar o Everton no Goodison Park, estádio dos blues. Fora ele e o padrasto, toda a família era torcedora do Everton.
E George Harrison? Ao que consta, não ligava para futebol. Era apaixonado por automobilismo. Quando questionado por sua paixão “clubística”, saía-se muito bem: “Em Liverpool, existem três times. Eu torço pelo terceiro”.

Para não dizer que não falei das flores: nosso quinto beatle é Best, mas não Pete, mas George.

George Best é Gênio da Raça. E é Morte ao Futebol Moderno.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Gênio da raça para Baco!!!!!

Por Ed Limas

Vou falar do ser que encarnou em gênios que curtiram a vida como ela deve ser curtida, sem limites e com alegria.
Mas o caminho da loucura termina na nostalgia, termina na solidão, na doença que é a ante sala da morte.
Falo dos loucos do futebol, dos insanos do rock n roll, de poetas, putas e loosers de plantão...
Baco o deus do sexo e bebedeira, falo dele, ser que se manifestou em George Best, Garrincha, Quarentinha e tantos outros no futebol, assim como buscou atanazar milhares de "bluesmans" e "rockers", tais quais Brian Jones dos Stones e Keith Moon do The Who!!!
As bacantes, banhos de vinho e gritos tribais anunciam que onde tem arte, mora a loucura!
Um brinde à loucura, ela é a razão abstrata!!!!


Ps. George Best afirmou que gastou muito dinheiro com carros, bebidas e mulheres, o resto ele desperdiçou... Craque rocker e louco, foi considerado o quinto beatle, brilhou no Manchester United e é norte irlândes.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mike Tyson no Animal Planet



por Luciano Melo
*
Li nesta semana que o canal americano Animal Planet pretende lançar, nos próximos meses, um programa sobre o convívio humano com aves. Ora, o leitor perguntará, o que há de novidade nisso? Nada, meu caro, a não ser pela sondagem ao futuro apresentador:
Mike Tyson.
Natural, diria, depois assistir ao primoroso Tyson, de James Toback, documentário que causou frisson na última Mostra de Cinema de São Paulo. Em tom emocionado, Iron Mike deixa a voz embargada sumir várias vezes ao retomar sua trajetória de vida, principalmente ao falar de Cus D’Amato, seu mentor, o homem que forjou uma das duas maiores lendas da história do pugilismo. Ao lado, claro, de Mohamed Ali. Só para lembrar, Tyson não cita o trágico acidente com filha Exodus, então com apenas quatro anos, asfixiada acidentalmente com a correia de uma esteira, pois o documentário foi realizado meses antes ao fatídico episódio.
Toback faz o que nos acostumamos a ver no Ensaio, da TV Cultura. Tal qual Fernando Faro, o próprio diretor se encarrega na condução da entrevista, mas ocultando-se das lentes. Deste modo, o que temos é tão-somente o objeto do assunto - o entrevistado, fisgado em reações faciais, olhares desconexos ou agitações labiais. Mas são nos olhos o alvo da câmera reveladora de Toback: o diretor parece assumir a estratégia tysoniana intimidação ao oponente “tête-à-tête”. Em várias tomadas, durante a entrevista, diferentes ângulos do rosto do ex-boxeador dão a exata medida confessional da película: nada pode escapar ao espectador.
Em raras exceções de comoção, a voz infantilizada do campeão não para um instante. E aí se revela um Tyson escondido sob a carcaça de punhos devastadores. Diferente do que se possa imaginar, não se vitimiza em nada, como nas 38 passagens por internatos antes dos 16 anos, nas acusações (infundadas?) de estupro ou nos três anos na prisão. Apenas lamenta a falta de Cus D’Amato, o tutor. Como o próprio Tyson afirma, sua vida se divide entre antes e depois do título mundial de 1986. Para ele, a dívida com D’Amato, morto em 1985, estava paga. Bem como o período mais feliz da vida, ao seu lado. O que veio a seguir foram as consequências.
O início da carreira amadora foi meteórico. Os títulos de campeão olímpico de juniores em 81 e 82 e as medalhas de ouro nos sub-19 de 83 e 84 credenciavam Tyson como a principal estrela do boxe americano para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Mas uma “incrível” derrota para Henry Tillman o privou da chance de um ouro olímpico, o que acelerou o ingresso no profissionalismo, já no ano seguinte. Em 1987, enfrentou o mesmo Tillmann numa espécie de “revanche”, e não levou mais de trinta segundos para nocauteá-lo, ainda no primeiro assalto.
A cena relatada a seguir é cinematográfica. Em 22 de novembro de 1986, o dia do “antes e depois” na vida de Tyson, o jovem de 20 anos sofria de dores por conta de uma gonorreia contraída com prostitutas. Tremia e suava em bicas com uma febre de 34°. Mas estava no ringue, disputando o título do Conselho Mundial de Boxe, por Cus D’Amato. Até então, só por ele. E pelo homem que trespassou as cordas para cumprimentá-lo antes do combate.
Uma outra surpresa que Mike Tyson revela no documentário é seu profundo conhecimento de boxe. Enquanto morou na casa de D’Amato, assistiu diariamente a centenas de combates das décadas de 20, 30 e 40. Sabe de cor o cartel de Jack Johnson, George Dixon e Jack Dempsey. Sugou a “pegada” de Rocky Marciano, o olhar compenetrado de Jake LaMotta e a cintura de Joe Louis. Tyson pode travar uma discussão de horas entre Joe Frazer e George Foreman com uma naturalidade de um profundo especialista. Guardadas as proporções, está como Scorsese para o cinema.
Mas o homem que vinha ao seu ouvido naquele ringue era de quem sugara a personalidade: Mohamed Ali. O maior de todos. O mito. Um deus.
Como disse, a descrição é cinematográfica. Enquanto fala, as imagens mostram Ali se aproximando de Tyson, balbuciando alguma coisa. Sabemos hoje o que era: “Faça isso por mim.” Anos antes, em 1981, para saldar dívidas estratosféricas, Mohamed Ali encerrou a carreira contra o promissor Trevor Berbick, perdendo por decisão unânime dos juízes. O mesmo algoz, campeão do Conselho Mundial de Boxe, enfrentaria o prodígio do Brooklin, Mike Tyson.
E Tyson dedicou a luta para Mohamed Ali, nocauteando Berbick no 2° assalto. E tornou-se o campeão mundial dos pesos-pesados mais jovem de toda a história do boxe.
O resto da história, todos nós conhecemos.
Como esta luta, a cereja do bolo do documentário são os arquivos das lutas. Neles reparamos os punhos demolidores de Tyson – no qual ele insiste em todo o documentário: eram apenas técnica; o cruzado característico na nuca dos oponentes que desmanchava-os, derretia-os na lona; os olhos que atordoavam a presa, transformando o ringue numa jaula; ou seja, a história do boxe sintetizada em um único homem.
As imagens de arquivo são espetaculares. Lutas amadoras, pré-olímpicas, na casa e carregando o caixão de D’Amato, o início no profissionalismo, as épicas lutas contra Holyfield e Lennox Lewis e a assombrosa derrota para James Buster Douglas, no Japão. E o mesmo friozinho na barriga quando Tyson entrava no ginásio, desprovido do macacão, pronto para o combate? As músicas que ouvia nas ruas do Bronx eram escolhidas como pano de fundo para a aparição triunfal. Segundo ele, já se ganhava uma luta ali.
Ao contrário do que muitos acreditam, Tyson não era apenas um troglodita especializado em esmurrar adversários. Conhece e respeita a história de seu esporte como poucos, o que apenas comprova sua grandiosidade. Em 11 de junho de 2005, completamente fora de forma, foi nocauteado pelo inexpressivo irlandês Kevin McBride. Ainda no ringue, proferiu um dos maiores discursos da história do esporte. Vagamente, foi mais ou menos assim: ”Não posso seguir com isto. Não posso seguir me mentindo. Não vou seguir arruinando este esporte. Respeito a história do boxe e de quem a escreveu. Não posso manchá-la. Isso foi o que melhor fiz na vida e quero passar este ensinamento aos meus filhos. Só fiz a luta de hoje por dinheiro, não por paixão. E isso não se faz jamais na vida. É simplesmente meu final. Terminou-se".
*
Ah, e o Animal Planet? Quando menino, Tyson era fissurado por pombos, como é até hoje pela vida dos bípedes de penas. Chegou a cometer pequenos delitos para comprar as aves que “trazem doenças” e que vivem de migalhas ofertadas. Tal qual a vida de Mike Tyson nas ruas do Bronx. Quiçá por isso se identificava tanto com pássaros. Numa certa feita, durante uma rinha com gangues inimigas, alguém decepou a cabeça de seu pombo e jogou-a em seus pés. Com doze anos, sem nunca ter brigado com ninguém, Tyson sentiu a ira correr pelas veias do corpo e alojar-se nas mãos. Socou ferozmente o garoto que assassinara seu pombo. E conheceu a si próprio.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Teoria do Medalhão - parte II ( A volta)

por Luciano Melo
*
Como o Morte ao Futebol Moderno já tinha antecipado em 23 de setembro, Neymar está de volta à seleção. Era apenas um "remendo" nas travessuras do menino. Naquele mesmo texto, dizíamos que o talento de Neymar era mínimo diante de tantos interesses - quando muito, apenas um palhacinho no picadeiro.
Quem está feliz, põe o dedo no nariz!
E onde estará Renê Simões?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os mineiros do Chile e o jogo que ninguém viu

por Luciano Melo
Ninguém, ninguém mesmo, nem os pouco mais de 6.000 pagantes, nem os parcos jornalistas ali presentes e muito menos os jogadores da partida lembravam-se daquele 21 de julho de 1985, quando O’Higgins e Cobresal se enfrentaram no modesto estádio “El Teniente”, pelo Clausura, um dos dois torneios da 1° divisão do futebol chileno.O El Teniente, casa do Club Deportivo O’Higgins, fica em Rancágua, capital da Província de Cachapoal, região central do Chile. Apesar das dimensões acanhadas e pouco significar para a história do futebol chileno, foi sede do grupo 4 na Copa do Mundo de 1962, abrigando jogos de Argentina, Inglaterra, Hungria e Bulgária. Mas como sede d’O Celeste, como o O'Higgins é chamado pelos torcedores, não há muito o que celebrar. Sem nenhum título de expressão no Chile, o time se orgulha do último “campeonato” conquistado, o acesso à divisão maior, em 1986. A não ser pelo fato de ter recebido o Cobresal em 21 de julho de 1985, num jogo (agora) histórico, mas que ninguém lembra.A partida contra os Mineiros do Cobresal valia muito para o Celeste, principalmente para Manuel Gonzáles, um esforçado cabeça-de-área. Fora aquele jogo, apenas outros oito ele disputou pelo O’Higgins antes de abandonar a carreira esportiva. Logo de início, o “filho de Rancágua” percebeu que não iria muito longe correndo em gramados chilenos. Faltava-lhe técnica e fôlego para acompanhar os adversários talentosos da principal divisão de futebol do país – retrato bem diferente de quando queimava os pés nas pedras em campinhos improvisados às margens das mineradoras da Baden Cooper Company, onde o pai passava dez horas por dia explorando cobre. Mas sabia que se não fosse pelo futebol, sua vida na pequenina cidade estaria genealogicamente reclusa aos minérios. Por isso Gonzáles desistiu de Rancágua. Das pedras, do cobre, do futebol.Contra o badalado Cobresal, Gonzáles depositava os últimos suspiros numa carreira fadada ao fracasso. No entanto, como um aplicado volante, não encontrava a marcação nos meias e atacantes serelepes dos mineiros, provocando um infernal bailado que Gonzáles só conseguia aplacar a troco de uns pontapés.Durante a década de 80, o Club de Deportes Cobresal, time de maior torcida de Copiapó, capital da região de Atacama, era o que se costumou chamar de um “celeiro de craques”. As jovens promessas surgiam do El Cobre (estádio do Cobresal) como diamantes e a equipe negociava seus futuros craques com o apetite de um explorador de minério. Para se ter uma ideia, os Mineiros (no Chile, assim é conhecido o time) se deram ao luxo de emprestar o promissor atacante Iván Zamorano naquele 1985, o que foi de bom grado para Manuel Gonzáles. Mesmo assim, era difícil parar o mineiro camisa 8 e sua perninha direita infalível. Seu nome, Frankin Lobos.Lobos, o “Morteiro Mágico”, era um daqueles raros meias que custam a aparecer. Habilidoso, era um exímio armador e cobrador de faltas. Na base, era quem executava centenas de cruzamentos semanais para o aprimoramento de cabeçadas dos jovens atacantes, principalmente para Iván Zamorano. Já no elenco principal, foi um dos responsáveis pelo título da Copa do Chile de 1987 sobre o poderoso Colo-Colo.Mas não era um fora de série. Chegou a ser lembrado em algumas convocações para a seleção chilena, como no pré-olímpico de 1984, mas sem muito brilho. O pedigree de uma transferência para o futebol internacional também desmoronava, pois era impossível competir com tantos meias brilhantes que o continente produzia: Romerito, Rubem Paz, Francescoli e, claro, Diego Maradona. Assim, Franklin Lobos atuou apenas em clubes de pouca importância no Chile até encerrar a carreira em 1996.Depois daquele (hoje, histórico) O’Higgins e Cobresal de 1985, as vidas de Manuel Gonzáles e Franklin Lobos não se cruzaram mais. O cabeça-de-área celeste tentou cursar medicina em Santiago, sem muito sucesso por parcas condições financeiras. Conseguiu a muito custo o diploma de enfermagem e atualmente é servidor público como socorrista. Quando soube da convocação para o resgate na mina de San José, diferente dos colegas enfermeiros, posicionou-se como o primeiro a descer pela cápsula. A experiência vivida pelo “filho de Rancágua” nos campinhos de minério do serviço do pai familiarizou-o com as condições geográficas do local. Seguro e confiante, foi o primeiro do grupo de resgate a entrar na mina e o último a sair. Afundados por 700 metros, após vinte cinco anos os caminhos do voluntarioso volante e do habilidoso meia voltaram a se encontrar. Depois de largar profissionalmente o futebol, Lobos investiu um pouco das economias da bola em caminhões. Passou a fazer frotas carregadas de minérios e trabalhava na mina San José há quatro anos. E depois de 69 dias soterrado, voltou a enxergar o céu fazendo embaixadinhas com a perna direita que um dia lhe rendeu a fama de “Morteiro Mágico”. A magia tornou-se realidade.Todos, todos mesmo, os milhões de espectadores, os incontáveis jornalistas ali presentes e os jogadores Manuel Gonzáles e Franklin Lobos lembram-se daquele 13 de outubro de 2010. A diferença é que agora jogam pelo mesmo time, numa partida em que os dois saíram vitoriosos. O celeste Gonzáles devolveu o azul do firmamento ao mineiro Lobos. Tal qual um dia escreveram os celestes e os mineiros do O’Higgins e do Cobresal, em 21 de julho de 1985. O jogo ninguém se lembra.Ah, o placar daquela partida no histórico estádio El Tenente: 0 a 0. E quem se importa?



Manuel Gonzáles, o 2° da direita para a esquerda, com a equipe de resgate



Franklin Lobos logo após sair da mina


domingo, 17 de outubro de 2010

A invasão

Ed Limas

"Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do timão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam os corintianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares, táxis, a pé, a bicicleta.”Nelson Rodrigues.

O maior deslocamento de seres humanos já ocorrido nesta pátria, a fiel provou em 1976 porque carrega este título! Nunca se ouviu tanto "meu" no Rio, milhares de paulistanos tomaram de assalto a cidade maravilhosa para empurrar o time do povo. O dia em que Ruço mandou beijinhos após um antológico gol de puxeta e derrotou o Flu de Rivellino, o Timão venceu nos penaltis!!!
Setenta mil corinthianos!!!! A epopéia de uma nação!!!O timão de 76 pré socrático!!!
Zé Maria Campeão mundial de setenta e multi campeão no timão, hoje é um dos gerentes no âmbito esportivo da Fundação Casa, seu olhar fica ligeiramente molhado ao falar da invasão corinthiana. Conhecido como super Zé, o idolo é pura humildade e se diz saudoso em relação companheiros de jornada no timão, tais quais Ruço, Vaguinho, Sócrates ( Zé Maria jogou no pré e no período socrático ) e outros mais.
Ps Em 1976 a banda de punk rock nova-iorquina Ramones revolucionaram o universo rocker ao lançarem o Antalógico albúm " Rock to Russia". Enquanto isso Ruço camisa 10 do timão mandava seus beijinhos para o povo.

Ronaldo ainda é Ronaldo


Por Ed Limas

Um domingo de primavera com horário de verão, Campinas se agita e o Brinco de Ouro da Princesa se prepara para receber o timão e sua estrela mais cintilante... Ronaldo!
O melhor jogador de futebol do planeta pós Maradona entra em campo, a cada jogada se percebe, já não é o mesmo, não é mais o moleque ousado do Cruzeiro ( time onde surgiu para o futebol), muito menos é o exuberante Ronaldo da Copa de 2002, mas o "menino homem" continua cerebral e carismático.
O gênio do subúrbio carioca marcou dois gols, que infelizmente foram injustamente anulados por um bandeirinha miope e um juiz conivente com a miopia alheia, mas Ronaldo continua Ronaldo...
Os cães ladram e caravana passa, os pseudo intelectuais que infestam os botecos de nosso pais afora vivem a praguejar e a falar das gordurinhas deste gênio, incautos seres, eles não sabem que seres como Ronaldo ou Maradona, não precisam de corpinho de Gisele, já possuem futebol de Pelé.
Por falar em Gisele, quem disse que adorador de futebol não pode curtir moda, espero que o genial escritor, jornalista, compositor e multimidia, Chico Sá, leia estas linhas e lembre-se de postar algo dando o endereço do lugar onde arranja aquelas camisas estilo sessentista com pitadas Waldick Soriano?!

Ps. Ronaldo é gênio e Waldick Soriano não é cachorro não!!!!assistam o documentário da Patricia Pillar sobre Waldick, é rock brega roll!!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Teoria do Medalhão


por Luciano Melo
Neste momento em que escrevo, Mano Menezes divulga a relação de convocados para os próximos amistosos da seleção brasileira, sem a presença de Neymar. Sem dúvida alguma, um erro crasso. Torna-se latente, com a exclusão na lista do jovem “monstro”, a intenção do treinador: um corporativismo tacanho com a classe de “técnicos” do país, como se mantivesse, em decorrência do lastimável episódio com Dorival Junior, a retidão da irmandade dos pares; e/ou uma sugestiva mea culpa perante a gente futebolista tupiniquim, desviando-se do foco de discussões acerca do fatídico caso envolvendo o craque santista. Como é bem provável que Neymar continue a envergar o manto canarinho durante muito tempo, quiçá culminando com seu auge técnico em 2014, é bom não nos esquecermos tão cedo deste “esquecimento” de seu nome. Paga-se com a exclusão o “desvio” de conduta de um jovem imaturo, em nome do status quo de ser bem quisto pelo público. Em outras palavras, hipocrisia. Mano Menezes reza na mesma cartilha da “teoria do medalhão”, um contemporâneo conto machadiano: tudo vale pelo brilho falso de uma joia.
É engraçado como, parodiando o velho Einstein, tudo nesta vida é relativo. O mesmo “monstro” Neymar, então com 14 anos, aliciado pelo mesmo empresário que quase o entregou ao Chelsea por milhões de euros russos de um certo Roman Abramovich (proibido de entrar na Rússia por lavagem de dinheiro público, tráfico de drogas e de armas), residiu com a família por três meses no Real Madrid, em processo de triagem. A proposta, irrisória comparada aos valores atuais oferecidos pelo clube inglês, incluía postos de trabalho para os familiares do jovem atleta no clube espanhol. O pai, por exemplo, durante a estadia do filho, limpava diariamente banheiros e corredores do Santiago Bernabéu.
Quem é o monstro mesmo?
Sem a mesma sorte de Neymar, anualmente centenas de adolescentes são lançados às masmorras do futebol mundo afora, esperando um dia serem “neymares”. Com propostas indecorosas (perdoe, leitor, o desgastado clichê), os bem-intencionados empresários seduzem os pais com eletrodomésticos ou um punhado de reais em troca de uma assinatura que garanta a “posse” do menino em futuras negociações, respaldando-os em jurisprudência quanto aos valores de contratos, salários e porcentagens nos passes dos jovens atletas, que mais parecem fatias de um mesmo bolo - amargo por sinal. Tenha a certeza de que a cereja nunca fica com o menino. Nem mesmo o primeiro pedaço.
Muitos se perdem nos confins do Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia. Sem dinheiro para voltar (e com muita sorte), conseguem uma miserável ocupação. Tornam-se estrangeiros sem visto de trabalho ou de estudos. Clandestinos, na pior acepção do termo. O sonho e o futuro se desmoronam, tal qual a estrutura familiar. Num passe de magia macabra, passam de “neymares” a “jeancharles”. E quem os protege? A CBF? Não, está muito ocupada com os lucros da Copa-2014. A mesma que muito provável Neymar estará, alimentando o sonho de milhares de meninos, como ele ainda o é. Mesmo que excluído temporariamente da seleção.
E o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)? Não deveria protegê-los? O zelo, o respeito à integridade física e moral passam ao largo dos porões, ou melhor, vestiários dos clubes brasileiros. Jogam-se fora os artigos 17°, 18°, 19°, 60°, 62° etc., a todo instante, sem nenhum receio. Hoje, quantos Neymares e Gansos estão enfurnados em unidades da Fundação Casa (ex-Febem), abrigos, orfanatos ou nas próprias ruas, sem ninguém para lhes dizer da liberdade que cada um constrói para sua própria vida?
Mais fácil é afirmar que “estamos criando monstros”, como esbravejou Renê Simões. Mas não vi tamanha veemência verborrágica quando o mesmo treinador, vice-campeão olímpico de futebol feminino, proferiu um discurso emocionado e claudicante após a final nas Olimpíadas. Não seria uma boa hora de apontar os monstros que administram nosso esporte e que não proporcionam uma estrutura decente de prática do futebol para as meninas? Será que nenhuma mazela encontrou durante o período que foi funcionário da CBF? Ou será que não existem monstros por lá?
Caro Renê, garanto que disgnosticar o esqueleto que gera um “menino-monstro” no futebol é bem mais fácil que levar a Jamaica para uma Copa do Mundo, como fez em 1998. Por que não faz, então? Conivência? Status quo? Ou é a garantia do brilho no medalhão?
Neymar não é culpado, nem inocente. É uma das pontas frágeis de um sistema que adoça tudo o que promover o lucro no futebol. Neymar não derruba ninguém, não é dono de nada - e nem se quisesse poderia ser. Seu talento é mínimo diante de tantos interesses. É apenas um palhacinho no picadeiro.
Por isso, Neymar, faça o que der na telha. O circo não é seu. Mas o espetáculo é.
***
No conto A Teoria do Medalhão, do bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, um pai recomenda uma série de “atributos” para que seu filho, prestes a completar vinte e dois anos, ingresse no mundo adulto com brilho, mesmo que seja o de um medalhão. O final é saborosíssimo: “Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale O Príncipe, de Maquiavel. Vamos dormir.”
***
(Estatuto da Criança e do Adolescente)
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Olhar azul e outros baratos

A bela atriz italiana Virna Lisa possui uma beleza arrebatadora, aquele tipo de beleza que ofusca o olhar, um ser que você julga impossível tocar!!! Em contra partida a atriz italiana Claudia Cardinale é um sublime convite ao prazer, esta deusa cheira a sexo, é o tipo de mulher que você se imagina trocando fluidos em qualquer banheiro de rodoviária!!!
Duas atrizes hoje já veteranas, mas quem enfeitiçaram o mundo há algumas décadas, dois tipos de beleza inebriantes. E você se pergunta por que este maluco esta escrevendo isso?!
Explico... O futebol nos oferece os mais variados tipos de beleza, seja através do futebol samba nostalgia praticado pela seleção brazuca de 82, ou a beleza maravilhosamente mecânica e rocker da Holanda de 74. A beleza esta ai, em tudo, basta prestarmos atenção. Ontem me vi perdido no olhar azul de uma amiga, fiquei imaginando mergulhos acrobáticos naquele olhar oceano, as lágrimas não eram azuis, mas caiam limpadas e me convidavam para o abraço, nada como abraçar uma bela amiga!!!!!
Nada como ter a nostalgia do que não vive, eu não era vivo em 74 e um pirralhinho em 82, mas as recordações estão aqui, eu estava lá!!!

Que abraço!!!!!!

Por Ed Limas

domingo, 29 de agosto de 2010

Cada um com o seu cinema

por Luciano Melo
*
Há algum tempo assisti à entrevista de David Lynch no programa Roda Viva (TV Cultura). A maior parte das perguntas versava sobre meditação, assunto pelo qual o cineasta tem feito seu “carro-chefe” nestes últimos anos. Desde que começou a se aprofundar nos caminhos do mantra, considerável parcela de suas palestras e entrevistas é reservada, com certo empreendedorismo, à causa da harmonização mental e aos avanços biocientíficos que a medicina começa a absorver através do poder da concentração mediúnica.
E conversa vai, conversa vem, e nada de falar de cinema. Não que o assunto sobre os benefícios arraigados pela mente seja desprezível ou aporrinhador, mas quem (como eu) esperava uma boa conversa sobre a sétima arte, ficou um pouco frustrado. Lá pelas tantas, depois de quase uma hora de “meditação”, as perguntas foram tomando o rumo dos filmes, do processo criativo, do roteiro e da montagem, e aí o bate-papo ficou um pouco mais interessante. Um pouco.
Das poucas palavras tratadas sobre cinema, dois assuntos aguçaram minha atenção. Um dos entrevistadores pergunta sobre a importância do sonho na filmografia do diretor. Curiosamente, as duas únicas películas que assisti até agora de David Lynch são Cidade dos Sonhos e Império dos Sonhos! A recorrência do devaneio e da ilusão na obra de David Lynch é tão freqüente quanto Nova York para Scorsese (que, aliás, é o outro assunto que trataremos adiante). Diante da obviedade do tema, o cineasta revelou o que parece ser o encaixe no buraco da fechadura: “não trato do sonho, mas de uma realidade paralela”. Para o diretor, o cinema seria uma espécie de portal entre um plano sinestésico, táctil, e outro no qual as impressões adquiridas daquele estão sobrepostas por uma espécie de redoma de signos e símbolos. Qual seria, portanto, a verdadeira realidade? Para o cineasta, não há resposta. E é dispensável dizer que a conversa caiu de novo para a meditação.
Num outro instante, David Lynch é questionado sobre quais filmes ou diretores que mais chamaram a atenção do cineasta nestes últimos anos: “Não tenho muito tempo para acompanhar as recentes produções”, afirma. Mas, além de um iraniano que nunca ouvi falar, Almodóvar é uma das figuras “recentes” que mais chama atenção de Lynch. Quando o assunto parecia murchar e voltar aos benefícios do alcance do nirvana, o entrevistado dispara: “Aliás, não sei como o Scorsese consegue assistir a tudo aquilo que ele diz”. Deboche? Inveja? Ego insuflado? Não sei, mas que ficou estranho, ah, isso ficou.
David Lynch não é apenas um diretor de cinema. É um artesão na concepção da palavra. Artista plástico, compositor e escultor são algumas das atividades que compõem, junto à direção cinematográfica, o exercício que Lynch procura ofertar em sua peculiar linguagem. A película torna-se uma manifestação estética daquela já citada realidade paralela que tanto persegue o cineasta, imbricada em uma série de labirintos visuais que tanto abusam do juízo do espectador.
Já Martin Scorsese cheira a rolo de 35 mm. É andar por Manhattan ou pelos becos escuros do Harlem e se deparar com personagens de Taxi Driver. Se o alvo de Lynch é a realidade sobreposta à realidade, o de Scorsese desliza pelos acordes de um negro de New Orleans, escorrega pela garganta rouca de Dylan e até ziguezagueia entre Stones.
Se David Lynch parece estar indiferente ao que vão falar em cada estréia, pois sua mira não aponta para isso (?), Martin Scorsese sabe que é fundamental estar à deriva de tudo. É homem de festivais e de circuitos, do “mainstream” do cinema. Pode não assistir a tudo, mas sabe que é preciso sempre ter algo a dizer. E cada um no seu cinema.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ronaldo, barriga e a hipocrisia

A busca do corpo perfeito é o novo cálice perseguido, todos querem ter gordura zero, a barriga tanquinho é o novo olimpo a ser alcançado por diversos seres que apregoam que a estética é tudo.
Ronaldo um dos últimos gênios que desafiam a lógica do tempo e dos corpos perfeitos é alvo de galhofas e chacotas, apenas por ter uma barriguinha "choppistica". Sinceramente deixem o gênio em paz, nosso herói não merece ser alvo de tantos ataques!!!
O teoricos e intelectuais da bola de plantão apregoam que Ronaldo não tem físico de atleta e blá,blá,blá... Honestamente que se dane a lógica abstrata destes insensíveis, pois uns quilos a mais não é crime. Haja visto o comentarista da Bandeirantes e ex craque do timão, Neto, que sempre desfilou sua arte e gordura pelos campos do Brasil. Neto esqueceu seu passado é vive a pegar no pé e na barriga de Ronaldo, hipocrosia no mundo do futebol é mato.
Viva a barriga de chopp, aliás sou um representante nato da turma de Ronaldo, pois cultivo minha barriga de chopp com todo orgulho.

ps. Deu na internet que o grande ator americano Johny Deppy sonha em se aposentar e cultivar uma enorme barriga de cerveja! UM tipico sonho rock n roll!!!

Por Ed Limas

sábado, 7 de agosto de 2010

O Crack

Por Ed Limas


Jobson e a metamorfose

Ele já foi parte do crack e hoje é o craque!!!

O sagaz atacante botafoguense foi suspenso por 6 meses por possuir um intimo contato com o crack, a droga do diabo. O crack é bomba atômica que faz de seu cérebro uma Hiroshima arrasada, sua mente sofre uma lobotomia e fica pedindo mais e mais... mais crack, mais crack...
E a torcida do Botafogo grita pelo craque, o menino da periferia de Brasilia, o garota da cidade satélite que hoje vê seus gols transmitidos via satélite para o mundo.
Sua trilha sonora não é Plebe Rube ou Legião, é o Gog, menestrel da periferia de Brasilia, Jobson não é do plano piloto, é mais um garoto que provou a viagem das drogas.
Agora Jobson através de seus gols esquece a viagem do crack, tenta viajar nos sonhos de brilhar tal qual Quarentina, Heleno de Freitas e um certo Mané!!!
O Botafogo é o time mais morte ao futebol moderno do momento, lá tem Loco Abreu, Joel Santana e Jobson.
Brasilia é a capital do poder e das diferenças, onde se é milionário no Iate em Paranoá e se é pobre e descalço nas cidades satélites banhadas pelo esgoto a céu aberto.
Jobson saiu destas ruas e tal qual George Best se viciou, agora seu vicio é o gol.
Boa sorte Jobson! boa sorte Fogão!!!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sensacional entrevista com Polvo Paul

Por Ed Limas ( não sou apenas um reporter investigativo, também já fui investigado )


Morte ao futebol moderno: Como conseguiu tantos acertos em relação aos resultados na Copa da África?

Polvo Paul: Olha meu filho, tenho ouvido muita bobagem, tem gente dizendo que sou reencarnação do Nostradamus, não tem fundamento tal informação, é apenas "feeling".

Morte ao Futebol moderno: Vc torceu pra alguma seleção?

Polvo Paul:Resido na Alemanha, mas como é de conhecimento público sou inglês, meu nome é uma singela homenagem ao Beatle Paul. Torci para a Inglaterra, mas muito chateado quando descobri que o English team perderia para a Alemanha.

Morte ao futebol moderno: qual seu time de Futebol?

Polvo Paul: Liverpool

Morte ao futebol moderno: Uma pessoa que te inspira?

Polvo Paul: O presidente Lula e Lula Molusco do Bob Sponja

Morte ao Futebol moderno: Um perfume

Polvo Paul: Acqua di Fiori

Morte ao futebol moderno: Um lugar

Polvo Paul: Veneza

Morte ao futebol moderno: Mande uma mensagem aos brasileiros e adiante algumas previsões, a próxima copa será aqui.

Polvo Paul: Em 2014 não estarei vivo, minha espécie só vive 5 anos, é triste, mas tenho que encarar a realidade.
Não quero prever nada no momento, trabalhei muito nos últimos dias. Gosto muito do Brasil, um abraço à todos.

Morte ao Futebol moderno: Obrigado Polvo! O povo te adora!!!!!


Tal entrevista só foi possível graças ao empenho do Aquamen ( herói marinho da DC comics ), ele fez a tradução.
Muito obrigado a todos, trata-se de um grande furo de reportagem, tentei contato com o Periquito de Cingapura, porém seu dono assegura que o mesmo esta em depressão por ter errado sua previsão em relação a final da Copa!

Arriba Espanha! O time que lembra o Brasil de outrora e o Barça de hoje!

domingo, 11 de julho de 2010

A Holanda de Cruyff é campeã (não, não estou louco)!


por Luciano Melo
*
Tente imaginar quando surgiu a Espanha campeã mundial de 2010. Certamente não foi há um mês, quando teve início a Copa do Mundo, ou ano passado, durante as Eliminatórias européias. Convido a você retroceder no curso da história para entendermos a gênese deste título espanhol.
O Barcelona, campeão europeu e mundial da temporada 2008-09, que derrotou o poderoso Manchester United no estádio Olímpico de Roma contava com Pique, Puyol, Busquets, Xavi, Iniesta e Pedro, ou seja, a formação da base titular campeã na África-2010. Assistir ao Barcelona ou à Espanha atuar é presenciar um sistema de jogo idêntico, que privilegia a posse de bola, a marcação sob pressão e a troca de passe fulminante, envolvente, encaixotando o adversário em seu campo defensivo. Assim o clube catalão encanta o mundo há décadas e carrega uma legião de admiradores do futebol ao redor do planeta.
Este mesmo Barcelona, chamado pelos espanhóis como “uma alegre máquina de guerra”, também foi a base da seleção campeã da Euro-2008 que, segundo Tostão, era melhor time que o atual. Aquele time de Luis Aragónes jogava num 4-3-1-2, com a linha ofensiva formada por Fábregas ( o tal do “1”), Fernando Torres e Villa. A equipe teve o melhor ataque da competição e, a partir de então, credenciou-se como uma das principais favoritas à conquista da Copa na África. Já com o atual Vicente del Bosque, a Espanha perdeu poderio ofensivo (é o campeão mundial de pior ataque de todos os tempos), mas ganhou solidez defensiva. Fábregas foi trocado pelo volante Xavi Alonso e o papel de “amarrar” a defesa com o ataque passou a ser revezado com maestria entre Xavi e Iniesta, como fazem no clube catalão.
Mas foi justamente na “destroca” audaciosa de Alonso por Fábregas na final de hoje que o destino sorriu para a Espanha. O meia do Arsenal encorpou com qualidade o meio de campo e, depois de receber a bola de “Niño” Torres, com um passe açucaradíssimo, deixou Iniesta escrever mais um capítulo na história do futebol. Tostão tinha razão.
Com esta mudança, a prorrogação foi massacrante para a Holanda. Bosque apostou no mesmo trio ofensivo de 2008, recuando Xavi e Iniesta para a intermediária ofensiva e desenhando um ataque com Torres “fixo” e Fábregas e Navas intercalando-se nas pontas. Nada menos que cinco jogadores trocando passes no campo holandês! Era mesmo impossível segurar.
Este mesmo gol histórico de hoje lembra o não menos emblemático do Barcelona pela semifinal da Liga dos Campeões do ano passado, contra o Chelsea, em Stamford Bridge. A construção da jogada é idêntica, com o time catalão encurralando o londrino em seu próprio campo: o “fixo” Eto’o rola a bola para Messi que, justificando o papel de Fábregas na decisão da Copa, encontra Iniesta, livre de marcação, para fuzilar o gol inglês aos 83 minutos de partida. Tal qual o meia fez nesta tarde. Por isso, Iniesta foi “o cara” desta final!
A Espanha de Vicente del Bosque na prorrogação foi o atual Barcelona de Guardiola. A troca incessante de posições na intermediária ofensiva e a constante mobilidade da bola até achar a melhor probabilidade de acerto no gol tornam estas equipes quase insuperáveis, mesmo quando bem marcadas. Como firmou em sua apresentação como técnico do clube, substituindo o cracaço holandês Frank Rijkaard, Guardiola remeteu o futuro do Barcelona à mesma estrutura tática do começo da década de 90 (3-4-3), quando ainda atleta do técnico Cruyff. Aquele time dispunha do mesmo trio ofensivo – Stoichkov, Salinas e Laudrup. A diferença esta no meio, formado por um losango, diferente do 4-4-2 campeão mundial desta Copa. Guardiola era quase um “líbero”, protegendo os três zagueiros quando atacados, cobrindo as descidas alternadas dos laterais e, pela apurada técnica, distribuindo com competência a saída de bola para os meias. Esta, portanto, ideologia esfuziante de jogo da campeã seleção espanhola encontra ecos naquele “longínquo” Barcelona de 90, espelho para o atual técnico catalão. Porém a chave está na Holanda. Não a pragmática de Heitinga, Mathijsen e De Jong. Mas a de Rinus Michels e Cruyff.
O Barcelona trouxe a cabeça e o artista daquele Ajax multicampeão europeu de 1971, 72 e 73. Como já tratei no texto “Futebol liberal” (01.07.10), o sêmen do futebol que revolucionaria a história do esporte na Copa de 74 estava no reflexo da mentalidade progressiva do cidadão holandês da época. Uma organização tática de cooperação mútua e ordenada, defensiva e ofensivamente. Implantando tal sistema (de jogo?) (de pensamento?), o Barcelona saiu de uma escassez de 13 anos e foi o campeão espanhol de 1974, revelando ao mundo o futebol genial de Cruyff e garantindo - apenas um mês antes – o cargo de técnico da seleção para Rinus Michels. Graças àquele Barcelona, temos hoje o marco do “Carrossel holandês”, da “Laranja Mecânica”. E, para ser justo, se hoje a Catalunha está mais para a Holanda do que para a Espanha, é por inteira responsabilidade de Cruyff e Michels. O futebol agradece.
Assim, “De volta para o futuro”, a Espanha campeã do mundo de 2010 surgiu há 37 anos, quando lá desembarcaram estes maravilhosos holandeses. Por isso, nacionalidades à parte, ouso dizer: a Holanda de Cruyff é campeã!
PS – A foto (Falcão-82) de Iniesta comemorando o histórico gol traz o seguinte texto grafado na camisa: “Dani Jarque sempre conosco”. Dani morreu de parada cardíaca no ano passado, enquanto falava com a noiva pelo telefone. Capitão do Espanyol, rival do Barcelona na Catalunha, teve seu justo reconhecimento num momento crucial da história esportiva de seu país.
A poesia ainda existe!

domingo, 4 de julho de 2010

Maldito Lazaroni


por Claudio Domingos Fernandes

As mulheres preparam a feijoada. Vó Conceição pica a couve enquanto lembra que ao vô fazia gosto a couve refogada em banha de porco acompanhada de torresmo. “hoje, dizia ela, tudo faz mal. Mal faz vê estas meninas todas magricelas”. Tia Alzira, que se diz vegetariana, e prepara sua salada, apenas ouve. Ela não ousa, por respeito, contrariar a matrona. O pai e os tios jogam palitinho e tomam cerveja. O primo Roberto liga a vitrola e Bezerra da Silva toma o ambiente. Prima Adelaide chega com o namorado, o que deixa tio Afonso incomodado: “este bosta tinha que vir”, pensou. “Aproveita que chegou, e faz alguma coisa: ajuda Rodrigo a preparar a caipirinha”, logo ordenou. Chega também tia Melissa com seus doces de coco e leite, acompanhada dos primos Marcelo e Thiago. “E o Rubens? Não vem?” pergunta o pai. “Ele faz plantão, mas para hora do jogo ele chega”. Respondeu tia Melissa. Por fim, tio Osmar, tia Zulmira e a prima Adriane, também chegam. Adriane, das primas, era a mais bonita e a mais... Negra esguia, corpo se formando esplêndido, sensual. Era de tirar o sono. Outro dia, estando em sua casa, indo ao banheiro, ao levar a mão à maçaneta, a porta se abriu. Ela envolta em toalha, saia do banho. Encabulei-me. Ela apenas sorriu e dirigiu-se ao quarto. Saindo do banheiro, percebi a porta do quarto entre aberta. Titubeei, mas não resisti, finquei olho à fresta. Não se via muito. Era o paraíso. Ajustava o sutiã aos pequenos e arredondados seios. Caminhou de onde estava para um outro canto do quarto, ainda sem calcinha, pude ver um volumezinho de pelugem. Minutos depois, voltando para o posto anterior, já vestia um shorts e o mesmo top amarelo com sobre esta bruzinha verde. De repente, olhou para a porta e franziu a testa desconfiada de alguma coisa. Num salto ganhei a porta do corredor. “Nossa Felipe, estás pálido! Você está bem?” Indagou tia Zulmira. Suando frio, balbuciei alguma coisa... Durante o almoço todos confiantes. Embora jogando feio, a partida estava ganha. O pai prometera para a final duas caixas de cervejas. Tia Zulmira propôs que fossemos para a casa de praia... Depois daquele dia, diante de Adriane me encabulava, ficava sem jeito. Seu sorriso me confundia... O jogo é tenso, amarrado, a seleção é apática, o jogo não flui... “Este é o pior time que já vi”, exclama o pai. “É este maldito esquema 3-5-2 do Lazaroni que nos emperra”, emenda tio Osmar. Adriane, angustiada sai. Sento em seu lugar. Ainda quente conserva um pouco de seu calor. E este calor parte dela invade-me, provocando em mim indisfarçável ereção. Sorte estarem todos, tensos e aflitos diante da televisão. Extasiado, não percebia o desanimo que tomava conta do ambiente. Caniggia abria o placar, faltando menos de dez minutos para terminar a partida... Adriane me abraça e chora copiosamente. Afago tua cabeça em meus ombros, acaricio sua cabeça, enxugo suas lagrimas, aperto seu corpo ao meu. “Maldito Lazorini: Deus te abençoe!”

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O mundo é celeste

Um pais que carrega a alcunha de República Oriental do Uruguai e se localiza no extremo ocidente do mundo não poderia deixar de ser interessante, seu Presidente é um guerrilheiro que enfrentou a ditadura militar com unhas dentes e uma arma na mão, este é o pais celeste!
Três milhões de corações batendo, um pais pequeno e triste ( mas hoje é felicidade ), a pátria em que Drumond adoraria ter como morada em seus derradeiros dias, o lugar onde cada esquina evoca uma melancólica música de RADIOHEAD, este é o pais celeste.
O pais que Gardel nasceu, mas a Argentina tomou, a nação do lado esquerdo do prata, o lugar que ousa se dizer Suiça do sul, mas não tem tanta grana, mas em matéria de gana ( opa Gana!!! )...
Hoje vi A HISTÓRIA acontecer, desde 50 o Uruguai não é tão celeste e direto do céu Barbosa vocifera: " Eles são os celestes".
Nada é mais "morte ao futebol moderno" do que a celeste olimpica!!!!
No jogo da década vi a mãe África sofrer com Gana, com lágrimas sinceras de dor, mas a celeste é a história que pulsa, é Gighia, Ancheta, Francescoli, Eduardo Galeano, Jorge Drexler e até mesmo Belchior.
Agora sou celeste, sem deixar de ser canarinho!!!!!

Ed Limas



Ref. jogo Uruguai 1 x Gana 1 ( deu Uruguai nos penaltis )
Arriba Uruguai!!!!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O futebol liberal


por Luciano Melo
*
Futebol total. Carrossel holandês. Laranja Mecânica. Assim ficou conhecida a maior revolução futebolística de todos os tempos, a seleção da Holanda que disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Foi o início de uma nova maneira de ler um jogo de futebol, não entre compartimentos estanques entre “defesa” e “ataque”, mas sistemas “defensivo” e “ofensivo”. Em outras palavras: adequação e competência tática aplicadas às variações de uma partida.
Talvez devêssemos ler o futebol – e todo o universo que o integra – como uma metáfora social orgânica, vinculando a ideologia aplicada a determinado sistema de jogo ao “modus operandi” de um pensamento sócio-histórico vigente. Quem sabe a provocação esteja em posicionar-se diante de uma disputa esportiva não apenas pelo viés lúdico, como uma “caixinha de surpresas” e não restringindo o exame a tão somente resultados, mas de organização estratégica, princípios de ordenação social. Quiçá seja este novo olhar para a prática do futebol que a equipe holandesa trouxe ao espectador.
Em 1972, a Holanda, sob governo esquerdista-liberal, promove o relatório da Comissão Baan em que se baliza as drogas “pesadas” (heroína, cocaína, morfina) e as “leves” (como a maconha), permitindo que estas fossem comercializadas em pontos de coffe-shops. A aquisição dos entorpecentes é igualitária, sem restrições judiciais. O consumo legalizado é a afirmação da sociedade holandesa cônscia do livre-arbítrio individual em razão da sintaxe coletiva. O pilar desta convivência resulta, portanto, no pluralismo de ideias que tece e caracteriza o cidadão holandês, como a regulamentação jurídica da prostituição e a união civil de homossexuais.
O convívio social holandês então pauta-se, desde a década de 70 (precisamente 1967, com a vitória da esquerda do “Democratas 66”), na funcionalidade de regras que proporcionam a liberdade do indivíduo como força-motriz de harmonia e tolerância sociais. Tal qual a Holanda-74.
Na verdade, o time holandês que assombrou o mundo já sinalizava sua eficiência em anos anteriores. O Ajax do futuro técnico da seleção, Rinus Michels, e do gênio Johannes Cruyff era a base que encantaria os solos alemães. O termo “futebol total” surgiu em 1967 (coincidência, não?) depois de 5 x 1 da equipe holandesa no poderoso Liverpool, da Inglaterra. O polimento de um sistema tático que não estagnava posições em campo comprovou o poderio do Ajax nas conquistas da Liga dos Campeões de 1971, 1972 e 1973 (este também ano do Mundial Interclubes). Não é dispendioso relacionar uma organização tática ordenada em que todos cooperam entre si, defensiva e ofensivamente, com o alvedrio coletivo da sociedade holandesa da época. Como o “futebol total”, a “liberdade total” também se estreitou na leitura futebolística e social do caso holandês. Retomo a provocação citada anteriormente: seria possível descartar da leitura de um fato esportivo a estrutura social que alicerça determinado acontecimento? Tratando-se do nosso objeto de análise, sem a abertura de leis que privilegiavam o livre-arbítrio em prol do objetivo coletivo, poderíamos imaginar um grupo de atletas dispostos a encarnar o espírito da solidariedade mútua, de contribuição e ocupação de espaços visando plenitudes defensiva e ofensiva, sem já vivenciarem tal modo de convivência em seu cotidiano? Tenho sérias dúvidas.
Este texto continua...
Já avanço a madrugada e gostaria ainda de tratar de tanta coisa. Revi os compactos da campanha da Holanda-74 e são primores, genuínas aulas da prática do futebol. Diante do futebol sul-americano, estraçalharam o Uruguai na estreia num “enganoso” 2x0, fizeram 4x0 na Argentina, no que é considerado o melhor primeiro tempo da história das Copas, e simplesmente atropelaram o Brasil em 2x0, numa carnificina dos brasileiros contra os holandeses, comprovando a superioridade tática, técnica e intelectual do “Carrossel”. Mas estou morrendo de sono e preciso dormir um pouco.
Até porque, daqui a poucas horas, Brasil e Holanda jogam pelas quartas-de-final da Copa
E nem eu e nem você queremos perder o jogo, certo?


domingo, 27 de junho de 2010

O homem de Cabobló

Mais triste que um cantor de blues, meu vizinho britânico nascido em Cabobló, que atende pela alcunha José Cipriano se vê triste sem o english team na copa. Eis que a Alemanha jogou um futebol bonito, alá Holanda e Brasil nos aúreos tempos de outrora e eliminou da copa o time da rainha.
Cipriano com sua camisa do "Lampadi" esta triste, mais inglês do qualquer inglês, vocifera contra a arbitragem e profetiza: " Em 2014 vai dar pra nóis".
Porém Cipriano se naturalizou de maneira relâmpago e após a eliminação britânica foi visto com uma camisa da seleção de Gana.
"Olhe seu moço agora torço pros negão", assegura Cipriano.~

Ed Limas

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Durban, ponte do Atlântico


por Luciano Melo
*
Quis o fado que Portugal e Brasil cruzassem seus caminhos na litorânea Durban, avistada pela expedição "lusíada" de Vasco da Gama em 1497 e cidade na qual Fernando Pessoa morou dos dez aos dezessete anos, acompanhando a família na estadia de cônsul do padastro João Miguel Rosa, recém-casado com a mãe do poeta, Maria Madalena Pinheiro Nogueira Pessoa. A cerimônia matrimonial dos dois ocorreu por procuração, pois o noivo já residia em solo africano, exercendo suas funções no consulado. Henrique Rosa, irmão de João Miguel, substituiu o irmão no casamento.

Pessoa, então com oito anos, é matriculado em 1896 no convento de West Street, onde aprende as primeiras lições da língua anglo-saxônica. Dois anos mais tarde, na High School, já escreve com fluência poesias em francês. Em 1903, aos treze, é profundo conhecedor de Byron, Milton, Shelley, Keats e Edgar Allan Poe. Neste ano escreve ensaio científico para exame de admissão na Universidade do Cabo. Como reconhecimento ao mérito, recebe o Prêmio Rainha Vitória.
No entanto, se há um abismo de mistérios entre o céu e a terra em nossa vã filosofia, reservou o fado que sua vaga fosse preterida a um esforçado estudante inglês de pele rosada.
Assim quiseram os Deuses.
Em 1905, matricula-se no Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa. Conhece a fundo Baudelaire e, principalmente, Cesário Verde. Abandona o curso dois anos mais tarde, após uma greve de estudantes contrários às medidas do reitor João Franco.
Mas para nunca mais a língua portuguesa.
Quiseram assim os Deuses e o fado.
Obrigado, querida Durban!
Durban, hoje ponte do Atlântico entre o Criador e a Criatura!

domingo, 20 de junho de 2010

Dia de jogo

por Claudio Domingos Fernandes
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Numa parede ao fundo do bar se encontra emoldurados o pôster da seleção de 82, uma camisa da seleção brasileira número 10 e uma foto de um grupo de pirralhos postados como jogadores de futebol. Entre as molduras uma gasta bola de capotão... Gilberto ganhara uma bola de borracha dos avôs. Nos fins de tarde, depois da escola, jogávamos na rua de cascalho. Um dia apanhamos as enxadas de nossos pais e limpamos um pedaço de terreno próximo de nossas casas. Depois, com varas de bambus que nossas mães utilizavam para suspender roupas no varal improvisamos as traves. Eu sempre era um dos últimos a serem escolhidos e geralmente me colocavam no gol. Mas de todas as brincadeiras de infância, apenas policia e ladrão superava o gosto por futebol. Entre nós, o mais velho deveria ter 11 anos. A bola de Gilberto, de pelada em pelada, consumiu-se e num chute do Rodrigo rasgou-se em duas. Cabisbaixos, sentados à beira de nosso “Camp Nou”, notamos uma senhora transportando num carrinho de mão garrafas, caixas de papelão e vasilhas de alumínio. Foi então que nos veio idéia de juntarmos “ferro velho” e compramos uma bola nova de capotão. Primeiro, então, fizemos uma limpa em nossas casas. Ao final do dia, o que tínhamos mal dava para comprar uma Dente de Leite. Resolvemos, então, que no dia seguinte ao virmos da escola, vasculharíamos as lixeiras das casas,e recolheríamos tudo o que fosse útil à nossa empreitada . Aquele que mais recolhesse “ferro velho” teria o direito de ficar primeiro com a bola por uma semana. Zico (como chamávamos o Pedro Augusto) teve a idéia de ir procurar num terreno abandonado que as pessoas faziam de depósito de lixo. Na hora em que marcamos para contabilizar o que havíamos recolhido ele não apareceu, mas não demos caso. Somente no dia seguinte, quando a professora quis saber se alguém o havia visto, pois a mãe estava desesperada à sua procura é que lembramos dele ter comentado, no recreio, do tal terreno. O fato é que Zico, entusiasmado e distraído com o que recolhera, acabou por cair em um poço. O acidente resultou a Zico três meses de perna engessada. Nós compramos a bola e com o que sobrou, demos a ele um pôster da seleção de 1982 e uma camisa com o número dez. Nosso Camp Nou tornou-se uma auto-mecânica que o Gilberto batizou de Auto Mecânica “Mestre Telê”. E o terreno baldio é hoje a “Toca do Zico”, onde nos encontramos toda vez que a Seleção joga.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Lágrimas de Jong

Por Ed Limas
Troféu gênio da raça na copa

Lágrimas de Jong

Jong Tae-Se foi protagonista do momento mais arrepiante e bonito da Copa do Mundo até agora!
O atacante da Coréia do Norte ao ouvir o hino da pátria que escolheu ( nosso herói nasceu no Japão ) derramou lágrimas e emocionou. É morte ao futebol moderno, isto é ser amador no sentido literal da palavra, palavra esta que deriva de amor. Jong Tae-Se ama o que faz!!!
A Coréia do Norte é o do tipo do país que não possui revistas masculinas amostra nas bancas, trata-se de uma pátria que se diz comunista, porém sabemos que é uma ditadura mesmo!
Em uma copa onde o marketing se faz presente em tudo, enclusive na bola, haja vista as declarações de jogadores patrocinados pela Nike contrários a bola Jabulani da Adidas, ver alguém derramar lágrimas ao ouvir um hino nacional nos mostra que nem tudo esta perdido.
Fiquei feliz ao ver essas lágrimas, até agora o craque da copa é Jong Tae-Se! Não prego o patriotismo piegas de Galvão Bueno ( Cala a boca Galvão ), mas prego e procuro o futebol poesia.
A poesia aparece raramente e já deu o ar da graça em várias copas, seja no gol de Paulo Roberto Falcão contra a Itália em 1982 ou na fúria de Maradona ao comemorar seu derradeiro gol em copas em 1994 contra a Grécia. Continuo a procura da poesia no futebol, com certeza esta copa nos apresentará momentos poéticos e o craque coreano Jong me brindou com suas lágrimas ao ouvir seu hino, o música de sua pátria.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Para quem Gardel torcerá?


por Luciano Melo
O maior cantor do tango argentino de todos os tempos... não nasceu na Argentina. Para falar a verdade, ninguém sabe, ou melhor, ninguém quer saber. Os registros discordam: há os que afirmam que Carlos Gardel nascera em Tacuarembó, Uruguai; outros juram que o tangueiro veio ao mundo em Toulouse, na França. Seja como for, o próprio Gardel saía com essa, quando perguntado sobre seu local de nascimento: “Nasci com dois anos e meio em Buenos Aires”.
E em dia de França x Uruguai debutando o calendário da Copa da África, fico a pensar para quem Gardel gastará parcas horas de sua eternidade, roendo as unhas em favor da suposta terra de seu berço? Não sei, mas um episódio pode elucidar.
Em solo francês, a América descobriu a Europa em 1924, durante as Olimpíadas de Paris. O time uruguaio foi o primeiro selecionado americano a cruzar o Atlântico e disputa uma peleja no Velho Continente. O primeiro jogo foi emblemático: a bandeira içada ao contrário, com o sol dourado de cabeça para baixo, despertou a fúria patriótica da celeste. A vítima foi a Iugoslávia, em impiedosos 7 a 0. O resultado final do torneio: Uruguai campeão olímpico de futebol. Os franceses nunca tinham visto um negro jogando futebol e Andrade, de estilo elegante, foi chamado pelo público francês de “Maravilha Negra”. Quatro anos depois, em 1928, Olimpíadas de Amsterdam, na Holanda. A máquina uruguaia destroça a Argentina na final – como faria dois anos depois, na primeira Copa do Mundo – e se torna bi-campeã olímpica. Estava eternizada a Celeste Olímpica.
Reza a lenda que na concentração argentina, num hotelzinho chinfrim do subúrbio de Amsterdam, o grande Carlos Gardel apresentou-se na noite anterior à final olímpica para saudar o “escrete” argentino, já campeão de favas contadas. Cantou tristemente Dandy, um tango rasgado que tratava das desventuras de um homem que, açoitado por uma mulher que não o quer mais, perambula e se arrasta pela vida, seguindo a sina de um derrotado. Coincidência? Dois anos depois, às vésperas da final da Copa contra o mesmo Uruguai, num hotelzinho chinfrim de Montevidéu, Carlos Gardel reaparece na concentração argentina para homenagear o selecionado. Adivinhe, caro leitor, cara leitora, qual canção Gardel declamou?
Em 34 e 38, as Copas do Mundo ficaram em solo europeu, na Itália e na França, respectivamente. O mundo estava sob o preâmbulo da fatídica Guerra Mundial e o Velho Continente dominado por regimes autoritários, como o nazismo na Alemanha de Hitler. A “ferro e fogo”, a Itália fascista de Mussolini venceu os dois torneios, sem a participação da celeste olímpica. Os franceses, mais preocupados no domínio de terras africanas, liderados pelo general Charles de Gaulle, “dividiram” a África em duas Franças: a islâmica, (Marrocos, Tunísia e Argélia); e a negra (Costa do Marfim, Senegal, Camarões etc.)
Em razão das invasões na África, quando a Copa do Mundo retornou ao berço da Marselhesa, em 98, os franceses conquistaram o mundo com uma série de “estrangeiros”: africanos, armênios, caribenhos e, claro, o maestro e genial argelino Zinédine Zidane.
Estrangeiros como o uruguaio Andrade, filho de escravos, descoberto pelos franceses em 1924 como “Maravilha Negra”. Coincidências à parte, França e Uruguai se enfrentam hoje em solo africano. Estarei de olho no jogo como um cantor de tango, sofrendo. E para quem Gardel torcerá?

sábado, 5 de junho de 2010

Musas do cinema


por Luciano Melo


1. Jeanne Moreau


Jeanne Moreau tem aquela beleza acessível que se encontra andando pela calçada ou dividindo o banco do trem. Até dizem que seu rosto lembra vagamente Bette Davis e, antes que me apedrejem de louco, há uma certa dose de sensualidade nisso. Suas personagens parecem sempre estar numa ponte muito estreita entre a sobriedade e a loucura e não alimentam nenhum fetiche barato, como o estereótipo Audrey Hepburn. E ainda olha com solidão para tudo, numa deliciosa melancolia. Ainda mereço pedras?

2. Ingrid Bergman


Tudo o que disse sobre Jeanne Moreau se aplica inversamente para Ingrid Bergman. Você nunca esbarraria com a moça em canto algum. É inatingível. Seu par de olhos claros está sempre ausente da cena, como se não pertencessem a este mundo. Mas por tudo isso, é docemente angelical. E linda que dói.

3. Liv Ullmann





Escolher Liv Ullmann como uma diva do cinema é dividi-la com Ingmar Bergman. Foi sua grande paixão e inspiradora de muitos trabalhos do mestre. Possuidora de traços excêntricos de beleza, atuou talvez na maior obra cinematográfica sobre a identidade humana, Persona.


4. Catherine Deneuve





Sua interpretação em Repulsa ao Sexo, de Roman Polanski, é uma das maiores da história do cinema. Já em Bela da Tarde, de Luis Buñuel, uma noir dama de bordel. E se para a maioria das atrizes o passar dos anos é um pesadíssimo fardo, Deneuve está impecável em Dançando no Escuro e Um Filme Falado. E lindíssima.



5. Grace Kelly





Está bem, me rendo ao fetiche cinematográfico. Atuando, nunca chegou aos pés de nenhuma das atrizes citadas acima. Mas, confesso: foi o rosto mais lindo que já vi numa tela de cinema.

sábado, 29 de maio de 2010

Maradona é rock n roll na veia

Maradona na Argentina é Deus, Deus mesmo com letra maíuscula e tudo, es que "el pibe" anuncia em alto e bom som que na concentração Argentina haverá sexo, vinho e rock n roll.
Já tenho pra quem torcer na copa!
É morte ao futebol moderno, o espirito de Heleno de Freitas foi evocado com classe e categoria, viva ao país de Che, Evita e Borges!!!!
O jegue da raça vai para os criticos de Dom Diego Maradona.
O Marlon Brando do futebol, o Johny Cash do futebol...
Criticar Maradona é ato de burrice inconteste, jegue da raça para os delatores e criticos de Maradona!!!!
Vale ressaltar que não aprovo a idéia de Maradona de correr nu pelo centro de Buenos Aires após a vitória portenha!! Melhor é colocar alguma bela modelo argentina para executar este ato.

Ed Limas

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A metamorfose

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Hoje pela manhã conheci o senhor Kafka. Sei que é bem difícil de acreditar. Na verdade, para ser bem sincero, nem eu mesmo acreditei quando o vi, tomando uma xícara de café numa mesinha de calçada. Mas era ele mesmo, o próprio. Tinha o cabelo engomado, repartido simetricamente ao meio, o paletó robusto, em tom cinza, e um par surrado de sapatos com fivelas. A mão que segurava a xícara parecia um pouco trêmula – talvez pelo frio das poucas horas do dia. A outra equilibrava um lápis entre os dedos. Ao lado do café, repousava um caderno, cuja capa parecia segura a uma série de pregas adesivas.
Mas, é bem verdade, poderia não ser ele. Eu tinha um amigo que era a cara do Chuck Norris.
Só vendo.
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por Luciano Melo

sábado, 8 de maio de 2010

OVO COR DE ROSA

Olá caros blogueiros!
A tristeza invadiu meu coração e escorreu por minha alma na última quarta!!
As periferias do Brasil ficaram em estado de letargia em frente a tv, o time de São Judas enfrentou o time de São Jorge, o time da Rocinha versus o time de Heliópolis, em suma a espetacular contenda do povo.
O time de Parque São Jorge caiu de pé, mas as lágrimas que rolam há cem anos banharam as faces sofridas de uma nação,em contrapartida a outra nação sorriu.
O Funk carioca venceu o hip hop paulistano!
O escrete de Ronaldo e cia. lutou até o fim, mas não é fácil derrotar um império, o império do amor!!
Wagner Love jogou como nunca, distribuiu passes e fez o gol salvador, o amor venceu!!!!
A paixão corinthiana sofreu mais uma derrota, mas essa paixão não é passageira, esta paixão é eterna, são cem anos de luta, suor, sofrimento e alegria. Mas a alegria corinthiana sempre vem com o sofrimento, sofrimento que o povo conhece bem, seja nas filas dos hospitais públicos, seja nos trens de subúrbio!! Ser corinthiano é ser brasileiro elevado a quinta potência, assim como ser Flamengo é ser carioca ao quadrado.
Mas um duelo do povo, mas uma história escrita, mas esta história não tem fim...
Nos botecos com ovo cor de rosa a mostra sempre estará o poster do timão de 77 ou poster do mengão de 81, onde seres regados a alcool estarão discutindo e evocando o amor e a paixão que levam ao delirio e a tristeza!!
Sou corinthiano maloqueiro e sofredor graças a Deus!!!

Hoje estou mais triste que um cantor blues!!!!

Ed Limas

sábado, 1 de maio de 2010

Jegue da raça vai a tristeza corinthiana e homenageia o Blues

Ouvindo Robert Johnson, o mítico guitarrista que segundo alguns a procura do riff perfeito fez um pacto com o coisa ruim, cheguei a uma conclusão que permeia estas linhas mal escritas.
O gênio fez 27 músicas e virou o mago do blues.
Blues é tristeza na veia que se esvai pelos póros, blues é música que saiu da alma dos escravos que colhiam algodão no delta do mississipi, cantores cegos e com guitarra na mão evocam a música nas esquinas das cidades americanas do sul.
Blues a bela tristeza, também sinto isso quando vejo o Corinthians jogar, me sinto mais triste que um cantor de blues!!!
Robert Johnson morreu jovem, Ronaldo ainda joga, Ronaldo é o Robert Johnson da bola!!! O verdadeiro bluesman, Ronaldo cheira a tabaco e cerveja, no fundo carrega uma tristeza blues, pois já não corre como antes, já não joga como outrora.
Robert Johnson deixou seu legado! Ronaldo também, mas a morte não impediu Ronaldo de continuar a fazer sua arte, porém sua arte hoje não é a mesma!!
Outrora golaços, hoje matadas de canela para tristeza da gigante fiel corinthiana!!!
Continuo triste e ouvindo blues!!!

Ouça Robert Johnson
ps. o corinhitans de hoje me faz sofrer

Ed Limas

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Sobre albatrozes, gansos e cisnes

por Luciano Melo
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O albatroz. Charles Baudelaire escreveu, em 1842, o esboço do segundo canto de As Flores do Mal, intitulado O Albatroz. Se esta é a obra angular da modernidade literária, este conjunto de quatro quartetos é o retrato do artista perante a um novo momento, um inédito instante. Para elucidarmos do que se trata o poema, faço uma breve sinopse: por um mero prazer mórbido, os marinheiros têm o sui generis passatempo de capturar albatrozes que repousam no convés do navio. A ave, como se sabe, tem um modo cambaleante de caminhar, graças às imensas asas que desequilibram a rigidez e a postura do corpo do animal, pendendo-o de um lado para outro e, por assim dizer, proporcionando facilidades ao seu seqüestrador. Os marujos então estendem o quanto podem as asas do albatroz em forma de crucifixo pelas tábuas do tombadilho, prendendo-as pelos pés. Indefeso, envergonhado por tamanho rebaixamento, o imenso pássaro deixa-se pender perante a crueldade dos homens. Um, baforando um imenso cachimbo, entope-lhe o bico de fumaça; outro, coxeando pela borda da embarcação, ridiculariza os passos ziguezagueantes do indefeso bípede até que, cansados das tripudias, os marinheiros libertam o animal. Ele então, cabisbaixo, ainda um pouco atenuado pela tortura, tenta se reerguer na posição vertical, apoiando-se nos ombros desengonçados quando, retomado o equilíbrio, sacode bruscamente as asas e impera ao longe do firmamento.
O artista moderno, segundo Baudelaire, é como o albatroz. Nas alturas, suporta o peso mundo, como diria Drummond (falaremos mais dele adiante), o mais baudelairiano dos nossos poetas. Mas, em terra firme, confinado à mesquinharia do cotidiano, é lançado à sanha de marinheiros sedentos por baforar enxofre em suas fuças. Depois d’As Flores do Mal, o poeta da modernidade é, por excelência, o transeunte deslocado, aquele que perambula pelas calçadas a observar a perversidade da vida urbana. Não se encaixa em coisa alguma, não vê sentido no alvoroço dos movimentos sociais, no bel prazer do conforto citadino. E como em nada se apoia, sente-se frágil demais aos costumes da civilização.
Como prometido, retomemos ao poeta de Itabira. Um dos mais intrigantes escritos de Drummond é O Elefante, presente no fabuloso A Rosa do Povo, o qual inicia com os seguintes versos (Fabrico um elefante / de meus poucos recursos. / Um tanto de madeira / tirado a velhos móveis / talvez lhe dê apoio. / E o encho de algodão, / de paina, de doçura.). Você encontraria um ser mais deslocado, perambulante e frágil ser do que um elefante cruzando a urbe? Acho que não. E preciso dizer de quem se trata o elefante?
Ganso. (25 de abril de 2010. Estádio do Pacaembu). A cobrança de escanteio é curta, rasteira. Paulo Henrique Ganso recebe a bola a dois metros do vértice interior da área. Repousa o pé esquerdo por cima dela. Não pode retornar a bola ao executor do escanteio, pois este estará à frente da linha de zagueiros. Também não tem a quem passar, já que a área tem, no mínimo, dezesseis jogadores, entre companheiros e adversários. Chutar a gol é impossível. A bola desviaria em alguma canela intrometida. Os inimigos insaciáveis vêm à caça, cercando-o. (Está se lembrando do albatroz e os marinheiros?) Sente que logo pisarão em suas frágeis asas, baforarão enxofre em seu rosto, vibrarão arrancando a doçura de sua arte. A poucos metros dali, o tobogã se inflama com urros hostis, escarnecendo-se aos berros da incômoda cena ali testemunhada. Ganso, então, toma uma decisão, digamos, imponderável. Recolhe a bola para a linha de fundo. Sucumbiu perante a adversidade? Deixou-se pender à crueldade dos homens como a ave infortunada de Baudelaire? Três opositores o circundam, impedindo sua saída. Não há o que fazer. Então, P. H. Ganso suspende a bola com finura, com delicadeza, (perdão, Drummond) com a doçura de um elefante. O albatroz suspendeu as asas. A pelota faz uma polida parábola, perfeita como um arco renascentista. A multidão percorre a trajetória tal qual o traço de um compasso até a esfera encontrar a cabeça do atacante santista, arrematando a obra-prima com a derradeira pincelada do gol. Genial poesia.
Paulo Henrique Ganso é um albatroz da bola. Não tem a elegância do falcão (o Rei de Roma?) nem a fome do galo (de Quintino?). Nesta rinha, é apenas um desajeitado caminhante. Tem um caminhar falso, desmedido, com deselegância discreta (desculpe, Caetano). O tórax é frágil, quase corcunda. Sem a bola nos pés, apenas caminha de esguio diante da pobreza cotidiana. Com ela, é o majestoso que “enfrenta os vendavais e ri da seta no ar”. (Charles Baudelaire. O Albatroz.)
Cisne. O ex-técnico de Paulo Henrique, o esforçado meia-direita Cuca, disse, certa vez, quando ainda Ganso atuava na base, que o jovem atleta não dispunha de qualidades para alçar ao time principal do Santos F.C. Não o culpo. É difícil reconhecer o pequenino cisne que, deslocado entre tantos patinhos, é o feio do grupo. Faltava-lhe a obediência tática, o apuro físico, a velocidade do arranque, a entrega desmedida ao resultado. Após sua estreia no comando do Flamengo, seu técnico no vice-Mundial Sub-20, Rogério Lourenço, disse que sempre sacava Ganso da equipe pois o jogador não cumpria suas determinações táticas. “Desobediente, então”, indagou o perspicaz repórter. “Não, desligado”, respondeu o treinador. Eu diria um torto, um desajustado. Parafraseando novamente o itabirense, “um gauche na vida”.
Nesta época, Ganso ainda era um patinho feio para Cuca e Rogério Lourenço. Menos para Giovanni, que o trouxe com quatorze anos para o Santos F.C. O messias já via o cisne que Paulo Henrique se tornaria. Uma espécie reconhece a outra.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Jegue da raça reload

Aproveitando o clamor popular e lançando mão da apologia que se faz necessária quanto a toda e qualquer forma de beleza!!
Repudio esta semana aquele que prefere o carrinho, o chutão, a modernidade do futebol pragmático, desculpem blogueiros, mas é "mais do mesmo".
Jegue da raça para DUNGA!!!!
Enquanto o baluarte do futebol "vamos jogar feio e ser campeões" não convocar Paulo Ganso, Neymar e Roberto Carlos, este carrasco do futebol bonito será "hour concours" em matéria de troféu jegue da raça. Chega!!! Evoquemos o espirito de Heleno de Freitas, faremos despacho em nome de Leônidas e evocaremos o calcanhar etilico de Sócrates! Para que este lacaio do futebol total convoque estes jogadores.
Desculpem minha revolta! Mas seleção é para os melhores e não para os melhores amigos!!!

Jegue da raça para Dunga!
abaixo Julio Batista!! Viva ao Ganso