quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Teoria do Medalhão


por Luciano Melo
Neste momento em que escrevo, Mano Menezes divulga a relação de convocados para os próximos amistosos da seleção brasileira, sem a presença de Neymar. Sem dúvida alguma, um erro crasso. Torna-se latente, com a exclusão na lista do jovem “monstro”, a intenção do treinador: um corporativismo tacanho com a classe de “técnicos” do país, como se mantivesse, em decorrência do lastimável episódio com Dorival Junior, a retidão da irmandade dos pares; e/ou uma sugestiva mea culpa perante a gente futebolista tupiniquim, desviando-se do foco de discussões acerca do fatídico caso envolvendo o craque santista. Como é bem provável que Neymar continue a envergar o manto canarinho durante muito tempo, quiçá culminando com seu auge técnico em 2014, é bom não nos esquecermos tão cedo deste “esquecimento” de seu nome. Paga-se com a exclusão o “desvio” de conduta de um jovem imaturo, em nome do status quo de ser bem quisto pelo público. Em outras palavras, hipocrisia. Mano Menezes reza na mesma cartilha da “teoria do medalhão”, um contemporâneo conto machadiano: tudo vale pelo brilho falso de uma joia.
É engraçado como, parodiando o velho Einstein, tudo nesta vida é relativo. O mesmo “monstro” Neymar, então com 14 anos, aliciado pelo mesmo empresário que quase o entregou ao Chelsea por milhões de euros russos de um certo Roman Abramovich (proibido de entrar na Rússia por lavagem de dinheiro público, tráfico de drogas e de armas), residiu com a família por três meses no Real Madrid, em processo de triagem. A proposta, irrisória comparada aos valores atuais oferecidos pelo clube inglês, incluía postos de trabalho para os familiares do jovem atleta no clube espanhol. O pai, por exemplo, durante a estadia do filho, limpava diariamente banheiros e corredores do Santiago Bernabéu.
Quem é o monstro mesmo?
Sem a mesma sorte de Neymar, anualmente centenas de adolescentes são lançados às masmorras do futebol mundo afora, esperando um dia serem “neymares”. Com propostas indecorosas (perdoe, leitor, o desgastado clichê), os bem-intencionados empresários seduzem os pais com eletrodomésticos ou um punhado de reais em troca de uma assinatura que garanta a “posse” do menino em futuras negociações, respaldando-os em jurisprudência quanto aos valores de contratos, salários e porcentagens nos passes dos jovens atletas, que mais parecem fatias de um mesmo bolo - amargo por sinal. Tenha a certeza de que a cereja nunca fica com o menino. Nem mesmo o primeiro pedaço.
Muitos se perdem nos confins do Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia. Sem dinheiro para voltar (e com muita sorte), conseguem uma miserável ocupação. Tornam-se estrangeiros sem visto de trabalho ou de estudos. Clandestinos, na pior acepção do termo. O sonho e o futuro se desmoronam, tal qual a estrutura familiar. Num passe de magia macabra, passam de “neymares” a “jeancharles”. E quem os protege? A CBF? Não, está muito ocupada com os lucros da Copa-2014. A mesma que muito provável Neymar estará, alimentando o sonho de milhares de meninos, como ele ainda o é. Mesmo que excluído temporariamente da seleção.
E o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)? Não deveria protegê-los? O zelo, o respeito à integridade física e moral passam ao largo dos porões, ou melhor, vestiários dos clubes brasileiros. Jogam-se fora os artigos 17°, 18°, 19°, 60°, 62° etc., a todo instante, sem nenhum receio. Hoje, quantos Neymares e Gansos estão enfurnados em unidades da Fundação Casa (ex-Febem), abrigos, orfanatos ou nas próprias ruas, sem ninguém para lhes dizer da liberdade que cada um constrói para sua própria vida?
Mais fácil é afirmar que “estamos criando monstros”, como esbravejou Renê Simões. Mas não vi tamanha veemência verborrágica quando o mesmo treinador, vice-campeão olímpico de futebol feminino, proferiu um discurso emocionado e claudicante após a final nas Olimpíadas. Não seria uma boa hora de apontar os monstros que administram nosso esporte e que não proporcionam uma estrutura decente de prática do futebol para as meninas? Será que nenhuma mazela encontrou durante o período que foi funcionário da CBF? Ou será que não existem monstros por lá?
Caro Renê, garanto que disgnosticar o esqueleto que gera um “menino-monstro” no futebol é bem mais fácil que levar a Jamaica para uma Copa do Mundo, como fez em 1998. Por que não faz, então? Conivência? Status quo? Ou é a garantia do brilho no medalhão?
Neymar não é culpado, nem inocente. É uma das pontas frágeis de um sistema que adoça tudo o que promover o lucro no futebol. Neymar não derruba ninguém, não é dono de nada - e nem se quisesse poderia ser. Seu talento é mínimo diante de tantos interesses. É apenas um palhacinho no picadeiro.
Por isso, Neymar, faça o que der na telha. O circo não é seu. Mas o espetáculo é.
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No conto A Teoria do Medalhão, do bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, um pai recomenda uma série de “atributos” para que seu filho, prestes a completar vinte e dois anos, ingresse no mundo adulto com brilho, mesmo que seja o de um medalhão. O final é saborosíssimo: “Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as proporções, a conversa desta noite vale O Príncipe, de Maquiavel. Vamos dormir.”
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(Estatuto da Criança e do Adolescente)
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Olhar azul e outros baratos

A bela atriz italiana Virna Lisa possui uma beleza arrebatadora, aquele tipo de beleza que ofusca o olhar, um ser que você julga impossível tocar!!! Em contra partida a atriz italiana Claudia Cardinale é um sublime convite ao prazer, esta deusa cheira a sexo, é o tipo de mulher que você se imagina trocando fluidos em qualquer banheiro de rodoviária!!!
Duas atrizes hoje já veteranas, mas quem enfeitiçaram o mundo há algumas décadas, dois tipos de beleza inebriantes. E você se pergunta por que este maluco esta escrevendo isso?!
Explico... O futebol nos oferece os mais variados tipos de beleza, seja através do futebol samba nostalgia praticado pela seleção brazuca de 82, ou a beleza maravilhosamente mecânica e rocker da Holanda de 74. A beleza esta ai, em tudo, basta prestarmos atenção. Ontem me vi perdido no olhar azul de uma amiga, fiquei imaginando mergulhos acrobáticos naquele olhar oceano, as lágrimas não eram azuis, mas caiam limpadas e me convidavam para o abraço, nada como abraçar uma bela amiga!!!!!
Nada como ter a nostalgia do que não vive, eu não era vivo em 74 e um pirralhinho em 82, mas as recordações estão aqui, eu estava lá!!!

Que abraço!!!!!!

Por Ed Limas