segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Santos são feitos de carne e osso

Meninos da minha vila:

A surra foi grande. O tsunami de Yokohama ainda permanecerá marcado por muito tempo – quiçá com hematomas indeléveis - na mente alvinegra depois deste 18 de dezembro. Nós, santos da bola, que um dia ensinamos ao mundo a magia do jogo, provamos hoje do nosso próprio veneno, como magistralmente afirmou o técnico Guardiola, na coletiva de imprensa: "O que tentamos fazer é tocar a bola o mais rápido possível. Na verdade, é o que o Brasil sempre fez, segundo me contavam meus pais e meus avós".

Meus guris, como diria Chico, vocês descendem destes inventores!

Não das “cantoneras”, espaços de incubação dos garotos catalães. Lá, são doutrinados pela filosofia cruyffiana da solidariedade mútua, de contribuição e ocupação de espaços visando plenitudes defensiva e ofensiva. O improviso é igualitário; a imaginação, idem. O passe, o drible, o chute, tudo é milimetricamente calculado, apurado. Não há erros ou sobras. O “lúdico” é se divertir e não deixar o outro participar.

Nada mais fabril. Nada mais perfeito.

Nada mais chato.

Levamos um pito da bola. “Por que me abandonaste?”, deve ter sussurrado consigo própria, governada de pé em pé por habilidosos e ligeiros espanhóis, enquanto desfilava por impassíveis alvinegros. Ficamos atônitos diante da plasticidade azul-grená, da movimentação incessante do precursor carrossel laranja, enfim, de uma miscelânea de cores e tons como as telas desconcertantes do também catalão Miró.

Mas, “o sol há de brilhar mais uma vez...”, não é, mestre Nelson? A dor passa, meus meninos, e ensina. Diante da soberania adversária, bem distante da carnificina do escrete canarinho diante da Holanda de Cruyff, em 74, os santistas aplaudiram Messi e cia., enxugaram as lágrimas e prometeram voltar.

O sol há de brilhar mais uma vez... E não é assim a vida de cada um de nós?

Estes gringos nos plagiaram em quase tudo. Aperfeiçoaram os ensinamentos do futebol com educação e cultura europeias. Educação e cultura, pois é. Este talvez fosse nosso maior ensinamento. Pelo menos isso, garotos da Baixada, não é culpa de vocês.

E por mais que tentem nos imitar, jamais serão como nós. Porque somos inconstantes, imperfeitos, tempestuosos. Não como a existência humana deveria ser, mas como ela é. Conquistamos neste ano a terra descoberta por Colombo em gramados esburacados de San Cristóbal, Santiago, Assunção, Querétaro e Manizales.

Somos a magia e o suor envolvidos em pano branco.

Se eles são deuses, como afirmam, somos santos.

E santos são feitos de carne e osso.

domingo, 4 de dezembro de 2011


                                          (1954 - 2011)

Na TV em preto e branco um homem esguio tocava de calcanhar, meu pai no lado esquerdo do sofá a falar: "Este doutor é bom de bola".
A camisa era a oito, meu pai me deu uma camisa oito preta branca, assim como as imagens de minha televisão a época.
No inicio dos anos 80 não existia video game na periferia, quando muito uma bicicleta, nos restava a bola, muitas vezes era de meia. Quando marcava um gol nas peladas da rua bradava aos quatros cantos... gol do corinthians... É de Sócrates!!!!!!!
Nos idos de 1985  minha tia Célia me levou a um lugar cheio de gente, com o tempo descobri, era um dos grandes comícios a favor das diretas já, lá estava ele, não estava marcando gols, mas discursava ao lado de Ulisses Guimarães, Osmar Santos, L ula, Brizola, Chico Buarque, etc... Naquele tempo não sabia quem era Chico Buarque ou Brizola, mas o craque do timão, esse sim, eu sabia quem era e como sabia.
O tempo foi passando, li a República de Platão ( conheci o Sócrates grego filosofo ), me converti ao esquerdismo ( ainda acho que sou um cara de esquerda ), passei a apreciar o futebol, não só como resultado, mas como arte também ( conheci ainda mais a história do Sócrates brasileiro ).
Descobri que quando criança o doutor do povo apreciava a arte do esquadrão santista de Pelé, Coutinho e Pepé, descobri que Sócrates grande lider da democracia corinthiana, passou a ser corinthiano por amor ao povo e que a arte também emana das  arquibancadas.
Sócrates nasceu em 1954, ano em que o Corinthians foi campeão do quarto centenário, deixou nosso mundo em 2011, no exato dia que o Timão venceu o campeonato brasileiro, um dia onde dor e extase se misturaram. ´
 Na final deste cam peonato Torcedores do timão entoaram o nome do gênio com os punhos cerrados no ar, gesto feito também pelos jogadores corinthianos,  lágrimas ficaram contidas, percebi que as utopias são possíveis, Sócrates nada mais foi do que um cara que sonhava com um mundo melhor e fez da sua arte instrumento de luta por transformação.
Sócrates um brasileiro!!!
 
por Ed Limas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Amar é torcer pelo Santa

Por Ed Limas

Isto é amor!!!!!




A história e literatura universal nos mostram casos de amor permeados de beleza e insanidade.

O futebol é um esporte movido a paixão. Paixão o mais visceral subproduto do amor é a engrenagem que de fato faz do futebol um fenômeno mundial.

Es que aqui do sul maravilha ouço ecos de gritos: "Santa meu eterno amor, nunca negarei que sou tricolor...".

Poesia que sai de bocas lascivas e suculentas de mulheres meio negras, meio holandesas, poesia que sai de bocas quase sempre desgrenhadas de guerreiros, poesia cujo o ápice é a palavra Santa. Santa Cruz já foi nome do Brasil, agora é a paixão que move multidões, a maior torcida do Brasil atestada e juramentada pelas bilheterias do mundão do arruda, o ninho de amor de milhares amantes deste clube pernambucano.

A maior média de público relacionado ao futebol em nosso país não é do corinthians ou Flamengo, é sim do glorioso Santa Cruz!!!

A cada final de semana o time que atua na singela série "D" do brasileirão é abraçado por sua fanática torcida, um amor incondicional que faz de "Romeu e Julieta" um simples "affair".

Caros leitores o Santa não contratou nenhum Imperador ou Ronaldinho Gaúcho, a grande estrela é o próprio, o Santa conseguiu seu intento e subiu para a Série "C" no último domingo, mais de 60 mil apaixonados soltaram o grito da vitória, mesmo com um 0 x 0 bem fraquinho com o Treze da Paraiba.

Mas o show da torcida é de comover o mais insensível dos seres, es que da terra do manguebeat, da terra que já foi holanda, da terra de Luis Gonzaga, de uma terra que tem Olinda... mais uma vez o Brasil descobre algo que é beleza pura. Que torcida a do Santa!!!!!



QUE TORCIDA LINDA


Amar é torcer pelo Santa!


obs: O Santa Cruz F.C foi fundado em 1914, é um dos maiores clubes de Recife, ao lado do Sport Recife e do Náutico, esta fora da primeira divisão desde 2006 e possui a maior média de público entre todos as divisões do futebol brasileiro em 2011. É espetacular!!!!



















































sexta-feira, 14 de outubro de 2011

10







por Ed Limas

DEZ MÚSICAS PARA OUVIRMOS ANTES DE INICIAR UM DIA DE LUTA!!!


1- Losing my religion c/ R.E.M

2- Elephant Gun c/ Beirut

3- Let Be c/ Beatles

4- Here I go Again c/ Whitesnake

5- Dreams c/ Van Halen

6- I´m Free c/ The Who

7- I believe in miracles c/ Ramones

8- Here Comes the sun c/ Beatles

9- Dont´ Stop Believin´ c/ Jorney

10 - Sinfonia Número 9 de Beethoven


Ouça algumas destas músicas ao se preparar para a luta diária!!!!




DEZ MÚSICAS PARA SE FAZER AMOR!!!!


1- Is this love c/ Whitesnake

2- She c/ Elvis Costelo

3- All my love c/ Led Zeppelin

4- Glory Box c/ Postishead

5- Hells Bells c/ AC/DC

6- Ace of spades c/ Motorhead

7- Saint of me c/ Rolling Stones

8- Something c/ Beatles

9- Walk on the wild side c/ Lou Reed

10- You Can Leave your hat c/ Joe Cocker


Uma boa lista de músicas para praticar a luxúria!!!
Aceitamos sugestões !!!!!!

sábado, 8 de outubro de 2011

A maçã envenenada de Steven Jobs



por Luciano Melo
Em fevereiro de 1985, meses antes de ser demitido da empresa que criou, Steve Jobs recheou as páginas da edição americana de Playboy do mês com uma entrevista célebre e atemporal. Com apenas 29 anos, Jobs acabara de distribuir no mercado um dos primeiros computadores pessoais – o Macintosh, sob os olhares suspeitos dos muitos que não acreditavam na utilidade de um microprocessador doméstico. É incrível como o então “senhor Apple” esclarece o intrincado sistema operacional do recém-lançado Mac por meio da funcionalidade de alguém sentado na poltrona do sofá que decide ir ao banheiro obedecendo a comandos mentais.
Esta entrevista, como tantas outras manifestações públicas de Steve Jobs desde a sociedade com Steve Wozniak e Ron Wayne e a fundação da Apple I em 1976, na garagem da própria casa, com subsídios adquiridos a partir da venda de uma antiga Kombi e de uma calculadora HP, revela uma personalidade capaz oferecer ao consumidor não um produto, talvez nem mesmo um conceito, mas uma filosofia.
Antes de tudo, Jobs difundiu um determinado modus operandi de transpor o século XX para o XXI entre as possibilidades ilimitadas da interação “homem – capital – tecnologia”. Então, somos o mesmo homem seiscentista mirando o infinito em busca de respostas. A diferença é que o ponto de partida pode não estar à beira do oceano.

Quiçá esteja tocando no bolso de sua calça.

A seguir, os preceitos do pensamento jobsiniano:


O público e o privado

Até o lançamento do processador Macintosh, a vida profissional e/ou acadêmica de um adulto, quando não desfrutando das horas íntimas de lazer, se resumia ao movimento ‘trabalho – casa – trabalho’. Estabelecia-se, portanto, uma função orgânica do sujeito diante das exigências do cotidiano: intra e extradomiciliar, já que não se tratava de assuntos “particulares” no emprego ou “profissionais” no lar. Para ilustrar tal diacronia, as agendas de papel da época vinham com marcações prévias dos horários diários que racionavam o dia entre compromissos “sociais” e “pessoais”. A partir de 1985, e a chegada do microcomputador Mac aos domicílios americanos, Jobs inaugurou uma rede interativa de afazeres educacionais e comerciais, estendendo tais diálogos ao convívio familiar. A mesma máquina que processava tarefas extrafamiliares estava disponível ao usufruto de todos os membros da casa, através de impressão de desenhos e textos ou de “games” digitais. A partir de então, rompiam-se os limites entre o público e o privado e, em consequência, ao famigerado circuito “trabalho/escola e casa.” Aliada a tal filosofia, a agilidade e a simplicidade dos comandos configurava o Macintosh num inédito executor de multitarefas, assim como seu próprio usuário.

O culto ao objeto
O consumidor de um aparelho idealizado por Steve Jobs é um consumidor “Apple”. A peça é idealizada a oferecer praticidade congregada a uma determinada experiência estética, seja ela visual ou escultural. A interface dos componentes, a disposição simétrica por vezes surpreendida por uma ranhura ou saliência dissonante e a miscelânea cores inusitadas são algumas das características que estreitam o design “Apple” a determinadas escolas e tendências artísticas, como a disseminação do Minimalismo americano nos anos 60, apreciado in loco pelo jovem Steve Jobs. Partindo do abstracionismo ianque norteado por Jackson Pollock, o movimento minimalista buscava uma determinada geometrização simplificada pós-caos abstracionista, mesmo antepondo-se à simetria do objeto. Paralelamente, ainda sem relação aparente com o Minimalismo, o jazz atonal apadrinhado por Miles Davis, buscando síncopes desarmoniosas em uma textura melodiosa primitivo, inquietou o espírito empreendedor do futuro criador da Apple, fã declarado da dissonância bebop de Davis [1]. Retomando o universo da informática, a partir de 1985, com o lançamento do Macintosh, fundem-se a estética e a funcionalidade do computador. A Apple mira aperfeiçoar a intervenção do usuário, mas oferece uma experiência singular: a aquisição de um produto (obra de arte?) idealizado por um gênio (artista?), Steve Jobs.

A interação
Utilizar qualquer processador da Apple é uma genuína percepção táctil do que a relação com a tecnologia pode oferecer. Substituir os arcaicos e tormentosos comandos do MS-DOS foi talvez a primeira grande revolução proporcionada por Jobs. Para que ordenar uma máquina a abrir ou executar determinada função por meio de infinitos códigos se poderia simplesmente apontá-la? Os progressos como a tela touchscreen do iPad ou a gerência de voz do atual iPhone são ainda resquícios do insight gerado na idealização do mouse pela Apple, lançado no pacote Macintosh em 85. Se a experiência com a tecnologia se dá por um clique, um toque ou pela voz, pouco importa. A máquina de Steve Jobs é uma extensão do próprio corpo do usuário, como se você tocasse seu próprio rosto no espelho.
Com a Apple, a execução de um comando digital é tão barato que dá a sensação de tudo estar ao alcance de todos, sem nenhuma mediação. Saciar a fome com um apetitoso prato de macarronada não passa pela percepção da interferência do garfo: o objetivo é apenas saciar a fome com um apetitoso prato de macarronada. Da mesma forma, abrir ou fechar compartimentos no computador, sejam estes direcionados ao trabalho, à educação ou ao lazer, passa a ser tão banal como abrir ou fechar uma torneira. Neste sentido, na experiência com um microprocessador não caba mais o questionamento para a direção da experiência. O que importa os fins da interação? Você pode aglutinar diversas terminações de uso – trabalho, educação, lazer – em apenas um toque, táctil ou sonoro. Não há mais barreiras temporais, espaciais ou mesmo intelectuais. Basta estar com fome.

A trilha sonora
Em 2001, a Apple lança a primeira versão do iPod, um compartilhador de dezenas de milhares de músicas (hoje, centenas de milhares) que sumia na palma da mão. A simplicidade de selecionar as faixas ou o minimalismo das informações contidas na tela transformou o iPod num profícuo executor de trilhas sonoras para diversos momentos do cotidiano. É claro que a experiência particular de se escutar música em qualquer lugar ou momento já tinha sido oferecida pelo walkman ou (posteriormente) discman. Mas e a infindável recarga das pilhas? E o difícil manuseio e transporte? Para se ter uma ideia, você com menos de 20 anos, estes equipamentos dispunham de um gancho na traseira para prender no cinto ou na borda da calça. ( E isso um dia já foi legal, acredite.)
Enfim, ao modus operandi de Steve Jobs, era necessária uma revolução. Não vou desperdiçar seu tempo e enumerar as melhorias infindáveis do iPod em relação a seus antecessores, mas algo precisa ficar bem claro: há uma mudança na experiência musical do cotidiano. Alex Ross, um dos principais críticos musicais da atualidade, do renomado The New Yorker, na introdução do excelente Escuta Só – do Clássico ao Pop [2] relata a experiência avassaladora com o iPod no modo shuffle.

Este texto continua...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Metamorfose Ambulante

Por Fabiano Youssef
As vezes somos metamorfos























Sai da ZL para ver o jogo do Corinthians x Bahia , peguei o trem e fui bem antes do jogo para não ter confusão, pois no Morumbi teria São Paulo x Palmeiras. Chegando no Pacaembu encontrei 3 amigos Bahianos, fui tomar umas com eles, como de praxe vou de camisa branca nos jogos mas..., as múmias estavam com a camisa tricolor Bahiano.


Pronto ai ferrou, passou um ônibus do timão xingando os Bahianos, eu como bom amigo me transformei em Bahiano. “ Baheaaaaaaa,Baheaaaaaa..” . Sorte que os caras estavam tranqüilos, depois disso sai correndo para o Jogo, o resultado não foi importante. Quando fui voltar para ZL entrei em um vagão do Metro que só tinha palmeirense, comecei a gritar “ porco,porco,” , após minutos de sofrimento desci na Luz, com destino a ZL ai qual foi minha surpresa entrei em um vagão de Sãopaulinos, e ai da-lhe eu “ São Paulo, São Paulo..” Ou seja em um dia torci para 4 times, 2 por puro medo , 1 por solieradiedade e 1 por paixão . Seria bom a gente sair com a camisa do seu time e torcer da maneira que quiser.






domingo, 11 de setembro de 2011

1982 em preto e branco

Por Ed Limas

Aos seis anos de idade eu achava que o uniforme da seleção brasileira era bege, nossa tv mandava suas imagens em preto e branco, naquela manhã de 05 de julho de 1982 descobri qual a verdadeira cor de um canarinho. Fomos assistir a fantástica seleção brasileira de 82 na casa do meu Tio Vanja, ele trabalhava na Telesp e possuia este enorme luxo chamado tv a cores.
Mesmo jovem ao extremo, eu era o orgulho da familia, sabia o nome dos principais jogadores da copa, o craque francês Platini, o camaronês Milla, o astro britânico Kevin Keegan, a genial dupla argentina Ramón Diaz e Maradona, o alemão socialista e bom de bola Breitner, etc...
Eu era uma atração na rua, a enciclopédia mirim.
Em 1982 descobri a beleza do futebol bem jogado, torci loucamente pelo escrete canarinho. Meu jogador predileto era o ponta Éder Aleixo, nas peladas na rua me arrogava no direito de me transformar no craque do galo por alguns momentos, não queria que minha mãe me levasse ao barbeiro ( naquele época homem só frequentava barbeiro, não tinha essa de cabelereiro ), pois meu cabelo era grande como o de Éder. Mas seleção de 82 tinha outras atrações, seja o gênial Falcão, seja o capitão e rei do calcanhar Sócrates, ou até mesmo goleiro calvo precocemente Waldir Perez. O brasil jogava com arte e através da minha tv válvulada e desprovida de cores, acompanhei o escrete destruir seus adversários com categoria e arte elevada às alturas.
União Soviética ( naquela época o muro de berlim estava firme e forte ), Escócia, Nova Zelândia e Argentina foram triturados... Faltava a Itália.
Naquele dia fomos à casa do meu tio, quebrei uma regra, deveria ter visto o jogo em casa, afinal em time que esta ganhando não se mexe. Que diferença faz ver a arte em preto em branco ou em cores? ( es uma questão filosófica e cinematográfica ).
Brasil e Itália foi talvez o jogo mais espetacular que uma copa proporcionou ao mundo. A Itália até em então vinha aos trancos e barrancos, porém a azurra jogou como nunca, não possuiam a arte brasileira, mas um certo Paolo Rossi tal qual a ave mitologica fenix, ressurgiu das cinzas, de um jogador corrupto e afastado dos gramados por conta de um escândalo, transformou-se em herói nacional. Já o Brasil desfilou a poesia de sempre, bastava um empate, mas como disse o poeta, a loucura é razão abstrata.
Time de Telê não se curva à obviedade do medo de levar gol, sempre busca a vitória, e o calcanhar do Doutor, a fúria de Zico e vontade de Cerezzo eram estavam lá.
A história todos conhecem, todos sabem que o gol de Falcão e suas veias saltando na comemoração mais rock n roll de todos os tempos nos emocionam até hoje, sabemos que o arqueiro Zoff da azurra escondeu de todos a bola que em uma cabeçada fulminante do zagueirão Oscar insistiu em não ultrapassar a linha do gol, todos sabemos que o samba de Júnior é mais "cool" que a tarantela de Bruno Conti.
Mas uma das maiores seleções que o mundo já viu, a exemplo de Holanda 74 e Hungria 54, foi eliminada...
Eu não chorei... Hoje lembro com carinho daquela época, as lágrimas ficaram contidas.
Deveria ter chorado por fora, pois o choro interno fica se transforma em um lago melancólico.













Poesia em preto e branco, como um filme



de Chaplin


















sábado, 10 de setembro de 2011

O elevador que canta

Por Ed Limas

Visitar o Museu da Língua Portuguesa é como desbravar um universo onde as palavras são estrelas.
Os jovens olhavam impressionados a beleza do lugar, acostumados a olharem o sol com um enorme muro a frente, agora nossos internos percorrem os corredores escuros do Museu onde Guimarães Rosa, Gregório de Matos e afins deixaram suas marcas na parde.
Foi nossa primeira saída, equipe de segurança e educadores atentos aos adolescentes e os adolescentes viajando na beleza da última flor do Lácio.
Dentro do elevador uma voz ecoa grave, Arnaldo Antunes cantando poemas, um jovem impressionado, outros olhando a bela jovem com uniforme de escola particular.
Impressionado com o elevador que canta, o jovem mais intrigado com a voz de Arnaldo Antunes declara; " Nunca andei em elevador, ainda mais esses que cantam". A bela jovem sorriu!
Até hoje falam da "saidinha", falam do Museu e as palavras, mas são unânimes em afirmarem:" Nada é mais belo que o sorriso da menina no elevador" .



Texto encontrado no "Causos do Eca e normativas outras" da Fundação Casa"

27



por Ed Limas




Robert Johnson, um dos "caras" do blues, inaugurou uma das maiores sinas da música com sua morte em 1938. Lenda maior do blues, o gênio que criou "Crossroads" teria feito um pacto com o Diabo para ser o maior de todos os bluesmen do delta do Mississipi. O preço do sucesso? Uma vida breve, cheia de aventuras. E sua alma. Tinha 27.

Para muitas pessoas, Brian Jones foi a alma dos Rolling Stones nos primórdios desta banda. De fato, o guitarrista e compositor era o músico mais talentoso da banda - pelo menos até fritar seu cérebro com quilos de ácido lisérgico. Jones deixou os Stones em 9 de junho de 1969. Foi achado no fundo da piscina de sua casa menos de um mês depois, em 3 de julho. Tinha 27.

Jimi Hendrix é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Depois de levar o instrumento a dimensões inimagináveis e obras como "Purple Haze" e "Voodoo Chile" - para ficarmos em apenas dois exemplos -, Jimi sucumbiu a seus vícios e morreu afogado em seu próprio vômito em setembro de 70. Tinha 27.

Janis Joplin entrou para a história do rock graças a sua voz rascante e seu comportamento autodestrutivo. Símbolo do flower power, a cantora afundou no álcool e heroína com velocidade impressionante. Janis morreu em outubro de 70, após sofrer uma overdose. Três dias antes gravou a genial "Mercedez Benz". Tinha 27.

Há quem diga que Kurt Cobain foi o último gênio do rock. O líder do Nirvana marcou os anos 90 ao colocar o som indie no topo com uma mistura explosiva do senso melódico beatle e a energia crua do punk. Basta ouvirem "Come as you are"!
Suas letras depressivas e seu longo relacionamento com a heroína apontavam um destino sombrio... Kurt suicidou-se em abril de 94. Tinha 27 anos.

Amy tinha 27!!!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Morte e Vida Riquelme





Sempre há os que não deixam as cinzas de seus mortos se perderem na memória.



25 de abril de 2006.
Valentin Ivanov percebeu o cronômetro digital pulsando “22:38” em minúsculo néon.
Precisos 89 minutos de duração. Restam apenas 60 segundos.
O russo aproximou o apito de acrílico de embocadura látex à boca, equilibrando-o entre os trêmulos polegar e indicador e lembrou-se dos gramados forrados de neve na antiga União Soviética. Nos gélidos sonhos, via-se um artista de presença sombria, circunspecto em sua genialidade com a bola, prestes a decidir a sorte de milhares de entorpecidos pela beleza de seu ofício.
Admirava assim, a cinco metros de distância, nos olhos de seu alter ego, um moço magro de traços indígenas.
Um craque.
Por um instante, Valentin Ivanov, árbitro da inesquecível semifinal entre Villareal e Arsenal pela Liga dos Campeões da Europa 2005/06, na abrasadora noite de 25 de abril, laconicamente às 22 horas e 38 minutos, ao soprar o apito de acrílico, torceu como nunca para aquele índio esguio tornar o sonho de infância palpável, diante de milhões. Mas os olhos não enganavam.
O camisa 8 não reparava a bola. O objeto é o seu próprio espelho, magnetizando sua alma em poucos centímetros de circunferência. A respiração é profunda, quase impossível de alcançar o ar. A boca saliva mais que o natural. Tenta em vão umedecer os lábios ressecados de desespero. Mas ao ouvir o assobio do árbitro, não há mais nada o que fazer a não ser cumprir a obrigação de seu ofício – mesmo que para Román o futebol fosse tudo. Menos um trabalho.




***
Depois daquela fatídica e escaldante noite de verão no El Madrigal, Román nunca mais atuou como de costume. Durante a temporada de 2005/06, Riquelme levou o inexpressivo clube espanhol a voos inimagináveis. Na final do torneio continental, toparia com o poderoso Barcelona - e com Ronaldinho, no primor das formas física e técnica. Mas ninguém no mundo jogava como o argentino em 2006. Se tudo corresse como o esperado, depois de um ano espetacular, Román chegaria à Copa da Alemanha como o melhor jogador da atualidade. O Gaúcho alternava lampejos extraordinários e medíocres – pela primeira vez, ouviam-se vaias no Camp Nou para o ex-melhor do mundo. Zidane, que assombrou na Alemanha e levaria nas costas a seleção francesa, já tinha até se aposentado do futebol. Lionel Messi era ainda uma belíssima promessa - e reserva de Riquelme no selecionado argentino. Só para lembrar, naquele ano o prêmio individual mais cobiçado do futebol ficou para o esforçado zagueiro italiano Fabio Cannavaro.
Nas três noites subsequentes à de 25 de abril, Riquelme passou em claro. Só não abandonou Valenciana e retornou à natal Buenos Aires pois ainda restava a temporada espanhola e a Copa do Mundo batia à porta em poucos meses. Porém, nunca mais foi mesmo. Dali em diante, era a morte anunciada de seu futebol. Nada mais dramático e peculiar à personalidade de um argentino.
Dizem que uma das marcas que distinguem um brasileiro de um argentino está no modo de ambos preservarem uma amizade. O tupiniquim, repousando a mão sobre o ombro companheiro, ressalta: “Pode contar comigo para toda a vida”, ao passo que o portenho lamenta: “Estou contigo até a morte”. Cláudio R. Negrete, jornalista e escritor argentino, define esta funesta filosofia portenha como “necromania”, ou seja, o hábito de cultuar com excessos e idolatria os mortos na Argentina. Contextualizando o autor de “Necromanía, História de una Pasión Argentina”, é difícil enterrar o casal Perón, San Martín, os soldados mortos na Guerra das Malvinas, Gardel (“que cada dia canta melhor”), Borges e, atualmente, Néstor Kirchner. Há sempre avós e mães da Praça de Maio ou “Cristinas” que não deixam as cinzas de seus mortos se perderem na memória.




***



Desde a “morte” de Riquelme para o futebol, um perfil de jogador parece ter sucumbido também. Román foi a última espécie “bem-sucedida” de uma estirpe de craque cerebral, que impõe sua habilidade por meio da cadência reflexiva, de uma aparente lentidão de movimentos. A Argentina, maior berço de meio-campistas com tais características, nomeia-os de enganche, o “gancho”, aqueles com a responsabilidade de “enganchar” os sistemas defensivo e ofensivo da equipe, atuando na faixa central dos três terços do campo, de uma intermediária à outra. Por não terem a obrigação de marcar ou ocupar espaços quando atacados e agredir com a posse de bola, parecem fadados ao desprezo dos esquemas táticos atuais. Riquelme foi o último sobrevivente.
Há tempos, Tostão revela não se conformar com tanto buchicho que se faz com a atuação dos centro-campistas atuais. A crítica especializada parece não saber ao certo definir as posições de cada um dos ocupantes da “meia cancha”. Define a todo instante como meias de ligação os ofensivos “pontas de lança” ou os armadores que se alternam entre defesa e ataque. Em nenhum destes casos, se aproximam do autêntico “gancho”, como é o caso de Riquelme.
Por envergarem a camisa 10, há muito se desdobram elogios à genialidade de Rivellino, Zico, Maradona e Messi, para ficar em alguns. Segundo o colunista, apenas “Riva” era um genuíno meia-armador. Os demais, como Rivaldo e Kaká, que retornam à intermediária para armar, se aproximam da área e marcam muitos gols, são muito mais atacantes que armadores. Por avançarem muitas vezes na diagonal adversária, e para não ocuparem o espaço do centroavante fixo, estes jogadores eram lançados pelas extremidades do campo, como “pontas de lança”.
Raramente o “10” servia para armar. Aos meias armadores, distribuía-se a camisa 8. Didi, Gérson, Sócrates, Verón, Iniesta ou mesmo Xavi ocupam a intermediária defensiva, marcando o adversário e iniciando as jogadas ofensivas. Exceto o atual Barcelona, pela peculiaridade de seu sistema tático, os demais times, se dispõem de atletas com demais características, os posicionam à frente da linha da intermediária defensiva, como armadores ofensivos. Assim, preferem o sacrifício de uma saída de bola qualificada.
Maradona queria Riquelme avançado na África do Sul, em 2010, espremido entre Messi, Tevez e Higuaín. Sem a bola, deveria recompor a linha de intermediária com Mascherano e Cambiasso. Ou seja, não haveria espaço para o desenvolvimento de seu jogo.
Não seria o cerebral Román. Pediu dispensa da seleção. Foi chamado de traidor.
Curiosa a relação destes raros “ganchos” com a própria personalidade. Não raras as vezes são sujeitos introvertidos e absortos durante a partida. Cônscios da preciosidade de cada jogada, executam um simples passo com a delicadeza e a maestria de uma bailarina picando o palco com a ponta dos pés. Desta especial genealogia estica-se uma ramificação reservada de jogadores, como Alberto Schiaffino, Ademir da Guia, Zinédine Zidane e, claro, Román Riquelme.
O “10” passou o primeiro semestre de 2007 em sua casa, La Bombonera, na estreita Brandsen, 805, para conquistar a Copa Libertadores da América com o Boca Juniors. Há quem jure que a arquitetura midiática de repatriá-lo por este período à La Boca, bairro portuário ao leste de Buenos Aires, esteve mais vinculada a manobras eleitorais de Mauricio Macri, então presidente do Boca Juniors e candidato à prefeitura da cidade portenha, que ao título do torneio continental. Em meio a uma confraria de bons jogadores, como Palácio, Ledesma, Morel Rodríguez, Banega, Cardozo e Martín Palermo, Román foi o cérebro e a alma da equipe. Nunca se vira sua técnica tão constante e apurada como naquele campeonato, liderando “apenas” com genialidade artística. O desempenho na última partida contra o Grêmio, no Olímpico, em 20 de junho, é considerado por muitos como a maior atuação individual de um jogador em finais do torneio sul-americano. Os dois gols do jogo saíram de seus pés. Como principal “cabo eleitoral” do presidente do clube, desfilando em carro aberto por três ininterruptos dias nas ruas da cidade, Mauricio Macri foi eleito, em 24 junho, prefeito de Buenos Aires. Sempre há os que não deixam as cinzas de seus mortos se perderem na memória.






***
Em 29 de julho deste ano, Alejandro Sabella, o novo técnico da seleção argentina, fez sua primeira coletiva como o comandante da esquadra albiceleste, equilibrando uma bigorna nos ombros pós-trauma Copa América: “A mágica tem de ressurgir”, garimpou aqui e ali, aferroando a “ordem do dia” nas mais variadas conversas com a imprensa.
E “a mágica ressurgiu” no dia 18 de agosto. Riquelme está de volta à seleção da Argentina, na aguardada convocação de Sabella para os dois jogos do selecionado contra o Brasil, na reedição dos confrontos pela Copa Rocca – agora com a horripilante alcunha de “Copa Dr. Nicolás Leoz”. Obedecendo a determinados critérios técnicos individuais da lista dos convocados de Sabella, a imprensa esportiva argentina arrisca o seguinte escrete titular para as partidas: Agustín Orión (Boca); Pillud (Racing), Sebá Domínguez (Vélez), Desábato (Estudiantes) e Papa (Vélez); Cristian Chávez (Boca), Verón (Estudiantes), Hector Canteros (Vélez) e Riquelme (Boca); Boselli (Estudiantes) e Juan Manuel Martínez (Vélez).
Na “prancheta”, a distribuição tática é muito idêntica ao Boca-2007. A meia “cancha” desenha-se num losango, com Cristian Chávez fixo na proteção da defesa e Canteros (esquerda) e Véron (direita) avançando e recuando verticalmente entre as intermediárias. Já o ataque pode atuar como um compasso, com a “ponta seca” Boselli centralizado na defesa adversária e J. M. “Orteguita” Martínez atuando pelas extremidades do campo.
Mas tudo isso é nada sem a mágica do enganche. Como se diz por lá, "sempre há os que não deixam as cinzas de seus mortos se perderem na memória".


por Luciano Melo









domingo, 21 de agosto de 2011

Sócrates Brasileiro

Ed Limas

De Belém do Pará veio este Doutor, fixou-se em Ribeirão, terra de cerveja e sol, por um momento quando jovem se dizia santista, mas o tempo passou e se tornou jogador.
Jogava futebol e estudava medicina, começou no Botafogo e venho mostrar que era um craque e assinava suas jogadas até de calcanhar.
Tomava sua gelada, lia Karl Marx, dava suas tragadas e ouvia Secos e Molhados, não era atleta, era craque, não era prosa, era verso.
Fã de Glauber Rocha e Pelé, bom de copo não podia ver mulher!!!
Vicente Mateus o contratou, no timão se encontrou, mega campeão e um democrata. Comemorava seus gols tal qual os Panteras Negras, um socialista no time do povo!!
Em 82 foi capitão, gênio da raça, a voz de Telê em campo... A maior seleção que o mundo já viu não foi campeã, mas o Doutor e seus amigos mostraram que o futebol pode ser arte.
Doutor na vida e na bola, pelas diretas lutou, no corinthians marcou, grande idolo do povo, a cara do timão, ruga na cara, cigarro na boca, cerveja no copo e sonhos na cabeça.
Sócrates se transformou em CORINTHIANO!!!!
Elton John, o bardo britânico afirmou:" Melhor do que Sócrates em 82 ninguém jogou"!

FORÇA DR. SÓCRATES
Estamos com você!!!



quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Diabo Veste Nike


Ed Limas

O Universo é pródigo em formar vilões ardilosos e providos da imensa capacidade de ganhar um "dinheirinho", es que nestas mal escritas linhas discorro sobre um certo personagem.
Ricardo III na peça honônima escrita pelo inglês William Shakeaspeare faz maldades horrendas em seu afã pelo trono inglês, porém tudo isso ficou no campo da imaginação genial e fertil do bardo britânico.
Es que séculos e séculos depois um novo Ricardo surge, um ser cruel que se arroga no direito de ser o "malvadão", o lobo mal perto deste Ricardo, não passa de uma alegre chinchila.
Este Ricardo do novo milênio já esta em seu "trono" falando e fazendo o que escoa pelo esgoto.
Porém nosso Ricardo é mais legal do que o outro, pois ele não dizima sua própria prole, pelo contrário sua filhinha tem um ótimo " carguinho " no Cômite Local da Copa do Mundo do Brasil 2014.
Adinhou quem é? Te dou um Dipilique se acertar!! Pois esse Ricardo esta no poder desde de que eu em tenra idade jogava Atari, andava de Caloi 10 e ouvia Menina Veneno do comterrâneo de Shakeaspeare, Ricthie.
Tirem as crianças da sala!!!!!!!
Isso mesmo pessoal, estou falando do todo poderoso Ricardo Teixeira!!
jfdghopsghwtohtolthj... não consigo digitar, é muita maldade em um só ser, trata-se de um cruzamento de Lúcifer com Darth Vader...
Me nego a digitar novamente o nome deste homem que é Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Presidente do Cômite local da Copa do Mundo e ainda por cima ex genro do João Havelange. Este ser deu uma espetacular entrevista à Revista Piauí, onde foi sincero ( plagiando Engenheiros do Havai ) como nunca se pode ser. (Desculpem por plagiar os Engenheiros, isto é o fim do mundo ).
A jornalista Daniela Pinheiro deixou o rei nu e a visão não é das melhores, o cidadão em tese falou que manda mesmo , que faz maldade mesmo, em suma assumiu o que é!! Já pensou se alguns políticos resolvessem abrir a boca e falar a "real" em suas entrevistas?
É caros leitores! Não percam esta reveladora entrevista, tal pérola é encontrada na edição 58 da Revista Piauí.
Shakeaspeare não criaria um personagem tão... tão... mau!!!!!
Desculpem o excesso de maniqueísmo!!! Mas neste caso o Diabo Veste Nike!!!!

Leitores dado o excesso de maldade nestas mal redigidas linhas, prometo escrever sobre a Madre Teresa de Cálcuta no próximo texto.

domingo, 10 de julho de 2011

A mulher que me fez trair a pátria



Agora entendo minhas irmãs, pois entra Copa e sai Copa elas insistem em não torcer para nosso escrete canarinho, preferem suspirarem por italianos metidos a galãs do selecionado azul.
Nacionalistas de plantão e xenôfobos de hora extra não fiquem bravos comigo, antes de ser brasileiro, sou amante do que é belo e hoje torci para uma musa, uma goleira com rosto de anjo e olhar claro. Solo, Hope Solo... A ninfa que povoa meus sonhos.
Es que nesta preguiçosa tarde de domingo assisti a contenda entre Brasil e Estados Unidos pela Copa do Mundo Feminina de Futebol da Alemanha, sim leitores, o time da genial Marta, que detém um futebol "pelézistico", se é que me entendem! Estava torcendo até então para nosso país, pois além da Marta, temos craques como Cristiane e Erika, mas quando vi a goleira estadudinense!!!! Meu Deus!!!
Que mulher!
A cada defesa observava suas formas curvilineas e suculentas, a encarnação de Afrodite estava naquele gramado germânico, tal qual Catherine Deneuve em La Belle de Jur, confesso que tive intensas reações hormônais.
O resultado da partida ficou em 2x2 e nos pênaltis torci para Solo, ela não me deixou na mão ( ta bom confesso... acabei ficando na mão no sentido erótico), porém na seara esportiva Solo fez bonito e pegou uma penalidade máxima.
Ao findar desta grande disputa, a gigante Marta chorou, mas a arqueira beldade correu para a arquibancada e comemorou com o povo, quem me derá estar lá e tocar suas luvas, sentir o mesmo ar que a Deusa respira... Solo me fez amar a distância em fria tarde de domingo.
Realmente sou exagerado, assim como na música de Cazuza, que coisa, por uma mulher trai minha pátria.




Ed Limas

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A dor de uma nação

Assisti estarrecido e ao mesmo tempo perplexo o espetáculo intitulado: " A queda de um titã"!
O pujante River Plate selou seu destino neste último domingo e caiu para a segunda divisão do futebol argentino ( empatou com Belgrano de Córdoba em 1x1 ), em 110 anos de uma história gloriosa, o gigante portenho jogará entre os humildes e toscos clubes da divisão de acesso argentina.
O Clube que detém 18 milhões de fanáticos torcedores, que na década de 40 ficou conhecido como "La Maquina" e teve entre seus astros: Pederneras, Daniel Passarela, Francescolli, Burrito Ortega e Ayla... Foi sentenciado a um retiro forçado de um ano.
Rios de lágrimas cairam no Monumental de Nunes, river e rio dá no mesmo, um rio de tristeza que alagou as ruas de Buenos Aires.
A violência explodiu, torcedores apaixonados e loucos a solta nas ruas da capital do tango, a trilha sonora não era gardel, estava mais para música de filme de guerra do Oliver Stone.
O River não é o primeiro, muito menos o último gigante a sofrer esta dor, cair de divisão futebolistíca não é uma sentença de morte. Outros titãs do futebol mundial já tiveram esta dor: Juventus de Turin, Milan, Manchester United, Corinthians, Grêmio e Palmeiras já provaram deste sofrimento, nada é para sempre.
O River voltará e aqueles que quase se afogaram em lágrimas se erguerão e unidos vão bradar canções, canções que só os torcedores da bacia do plata conseguem entoar.


Força River!!!

Ed Limas

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Do barroco a Baudelaire: o Santos conquista a América

Ao Juarez in memorian






Confesso, não consegui escrever nestes dias. A você, desprezado leitor deste espaço, gostaria de traçar, nestes últimos dias, algumas mal escritas linhas sobre este histórico confronto entre clubes tão tradicionais do futebol mundial, como Santos e Peñarol. Confesso, até me endividei adquirindo alguns livros sobre a história do futebol sul-americano para não dizer alguma besteira - além das que normalmente já digo - e fornecer ao famigerado espectador um pouco da mística que sustentava o choque entre uruguaios e brasileiros, recheada de episódios violentos e apaixonantes (e quem disse que a paixão e a violência não caminham juntas?). Enfim, durante estas últimas semanas, minha intenção era realizar um pequeno dossiê entre Montevidéu e Santos-São Paulo, mas, confesso, não tive condições psicológicas para tal.
Não pude porque nem de perto sou da linhagem de Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira ou João Saldanha. Estes, torcedores apaixonados por seus clubes, eram, sobretudo, cronistas ímpares de futebol. Tinham os ouvidos aguçados pela Musa inspiradora e pingavam o veneno da palava em cada boca incalta de leitor. Transformavam cada linha do amarelado jornal numa vereda poética que sublimava o estádio de futebol e tomava de assalto o coração de cada um de nós. Eu, confesso, sou aquele que ama o seu clube - e só! Não tenho a pena destes escritores - e por isso sou aquele garoto que espera em vão um olhar despretencioso de Afrodite ou um lance fortuito para oferecer um mimo - mas sempre há alguém, brindado pelos deuses, com um arsenal melhor de caça.
Por isso, confesso, indigno de expressar dignamente o mágico triunfo santista na noite de ontem, recorro a dois textos já publicados aqui para fazer jus à conquista continental. Desculpe, Nelson, Mário, Armando e João. Não tenho ouvidos para a Musa.


*
Nascer, Viver e, no Santos, Morrer!

Sobre albatrozes, gansos e cisnes



Luciano Melo


*

O albatroz. Charles Baudelaire escreveu, em 1842, o esboço do segundo canto de As Flores do Mal, intitulado O Albatroz. Se esta é a obra angular da modernidade literária, este conjunto de quatro quartetos é o retrato do artista perante a um novo momento, um inédito instante. Para elucidarmos do que se trata o poema, faço uma breve sinopse: por um mero prazer mórbido, os marinheiros têm o sui generis passatempo de capturar albatrozes que repousam no convés do navio. A ave, como se sabe, tem um modo cambaleante de caminhar, graças às imensas asas que desequilibram a rigidez e a postura do corpo do animal, pendendo-o de um lado para outro e, por assim dizer, proporcionando facilidades ao seu seqüestrador. Os marujos então estendem o quanto podem as asas do albatroz em forma de crucifixo pelas tábuas do tombadilho, prendendo-as pelos pés. Indefeso, envergonhado por tamanho rebaixamento, o imenso pássaro deixa-se pender perante a crueldade dos homens. Um, baforando um imenso cachimbo, entope-lhe o bico de fumaça; outro, coxeando pela borda da embarcação, ridiculariza os passos ziguezagueantes do indefeso bípede até que, cansados das tripudias, os marinheiros libertam o animal. Ele então, cabisbaixo, ainda um pouco atenuado pela tortura, tenta se reerguer na posição vertical, apoiando-se nos ombros desengonçados quando, retomado o equilíbrio, sacode bruscamente as asas e impera ao longe do firmamento.O artista moderno, segundo Baudelaire, é como o albatroz. Nas alturas, suporta o peso mundo, como diria Drummond (falaremos mais dele adiante), o mais baudelairiano dos nossos poetas. Mas, em terra firme, confinado à mesquinharia do cotidiano, é lançado à sanha de marinheiros sedentos por baforar enxofre em suas fuças. Depois d’As Flores do Mal, o poeta da modernidade é, por excelência, o transeunte deslocado, aquele que perambula pelas calçadas a observar a perversidade da vida urbana. Não se encaixa em coisa alguma, não vê sentido no alvoroço dos movimentos sociais, no bel prazer do conforto citadino. E como em nada se apoia, sente-se frágil demais aos costumes da civilização.Como prometido, retomemos ao poeta de Itabira. Um dos mais intrigantes escritos de Drummond é O Elefante, presente no fabuloso A Rosa do Povo, o qual inicia com os seguintes versos (Fabrico um elefante / de meus poucos recursos. / Um tanto de madeira / tirado a velhos móveis / talvez lhe dê apoio. / E o encho de algodão, / de paina, de doçura.). Você encontraria um ser mais deslocado, perambulante e frágil ser do que um elefante cruzando a urbe? Acho que não. E preciso dizer de quem se trata o elefante?Ganso. (25 de abril de 2010. Estádio do Pacaembu). A cobrança de escanteio é curta, rasteira. Paulo Henrique Ganso recebe a bola a dois metros do vértice interior da área. Repousa o pé esquerdo por cima dela. Não pode retornar a bola ao executor do escanteio, pois este estará à frente da linha de zagueiros. Também não tem a quem passar, já que a área tem, no mínimo, dezesseis jogadores, entre companheiros e adversários. Chutar a gol é impossível. A bola desviaria em alguma canela intrometida. Os inimigos insaciáveis vêm à caça, cercando-o. (Está se lembrando do albatroz e os marinheiros?) Sente que logo pisarão em suas frágeis asas, baforarão enxofre em seu rosto, vibrarão arrancando a doçura de sua arte. A poucos metros dali, o tobogã se inflama com urros hostis, escarnecendo-se aos berros da incômoda cena ali testemunhada. Ganso, então, toma uma decisão, digamos, imponderável. Recolhe a bola para a linha de fundo. Sucumbiu perante a adversidade? Deixou-se pender à crueldade dos homens como a ave infortunada de Baudelaire? Três opositores o circundam, impedindo sua saída. Não há o que fazer. Então, P. H. Ganso suspende a bola com finura, com delicadeza, (perdão, Drummond) com a doçura de um elefante. O albatroz suspendeu as asas. A pelota faz uma polida parábola, perfeita como um arco renascentista. A multidão percorre a trajetória tal qual o traço de um compasso até a esfera encontrar a cabeça do atacante santista, arrematando a obra-prima com a derradeira pincelada do gol. Genial poesia.Paulo Henrique Ganso é um albatroz da bola. Não tem a elegância do falcão (o Rei de Roma?) nem a fome do galo (de Quintino?). Nesta rinha, é apenas um desajeitado caminhante. Tem um caminhar falso, desmedido, com deselegância discreta (desculpe, Caetano). O tórax é frágil, quase corcunda. Sem a bola nos pés, apenas caminha de esguio diante da pobreza cotidiana. Com ela, é o majestoso que “enfrenta os vendavais e ri da seta no ar”. (Charles Baudelaire. O Albatroz.)Cisne. O ex-técnico de Paulo Henrique, o esforçado meia-direita Cuca, disse, certa vez, quando ainda Ganso atuava na base, que o jovem atleta não dispunha de qualidades para alçar ao time principal do Santos F.C. Não o culpo. É difícil reconhecer o pequenino cisne que, deslocado entre tantos patinhos, é o feio do grupo. Faltava-lhe a obediência tática, o apuro físico, a velocidade do arranque, a entrega desmedida ao resultado. Após sua estreia no comando do Flamengo, seu técnico no vice-Mundial Sub-20, Rogério Lourenço, disse que sempre sacava Ganso da equipe pois o jogador não cumpria suas determinações táticas. “Desobediente, então”, indagou o perspicaz repórter. “Não, desligado”, respondeu o treinador. Eu diria um torto, um desajustado. Parafraseando novamente o itabirense, “um gauche na vida”.Nesta época, Ganso ainda era um patinho feio para Cuca e Rogério Lourenço. Menos para Giovanni, que o trouxe com quatorze anos para o Santos F.C. O messias já via o cisne que Paulo Henrique se tornaria. Uma espécie reconhece a outra.

O drible barroco de Neymar

por Luciano Melo

*

De todo o espólio nelsonrodriguiano, a crônica “Garrincha, passarinho apedrejado”, publicada em 23 de junho de 1962, na extinta revista carioca Fatos & Fotos, consolidou-se num dos mais lapidares exemplos de perfeição criativa que o mestre atingiu ao tratar de futebol. Apenas para efeito de contextualização, já que para mim basta a maestria alcançada por Nelson Rodrigues ao expor, em diminuto texto, elementos sociais e antropológicos da identidade brasileira, o escrito trata da semifinal Brasil 4 x 2 Chile, pela Copa do Mundo de 1962. Com a bondade angelical de Mané, um ser de tamanha delicadeza no trato com a bola e com a vida no qual, segundo Nelson Rodrigues, quem se aproximava dele tinha a vontade de lhe oferecer alpiste na mão.Brilhante analogia, Nelson.Daí seu espanto na expulsão de Garrinha ao revidar um soco do adversário no final da partida. Mané seria impossível de praticar tal agressão. Respondia aos “joões” fazendo-os patinar diante de sua poesia escrita “aos pés”, como no bailado flutuante de Fred Astaire ou na hipnotizante troca de pernas de Muhammad Ali. Mas a principal indignação – e mote para a brilhante crônica – estava na saída de Garrincha do campo, ao ser alvejado na cabeça por uma pedrada vinda da arquibancada. Tolos e ingratos chilenos, retribuindo assim tamanho espetáculo oferecido por um trapezista de pernas tortas, um gênio incompreendido por ele próprio, um pássaro que vê na graça de seu ofício apenas o seu ‘modus vivendi': voar.Transcrevo o final da crônica:“Apedrejaram Garrincha e vencemos.Eis o mistério do escrete e do Brasil. O time ou o país que tem um Mané é imbatível. Hoje, sabemos que o problema de cada um de nós é ser ou não ser Garrincha. Deslumbrante país seria este, maior que a Rússia, maior que os Estados Unidos, se fossemos 75 milhões de Garrinchas.”Esta é a síntese antropológica da identidade do país pelo traço de Nelson Rodrigues. Não a ingenuidade tola, demagógica e hipócrita, como tão bem assinalou em seu teatro invasivo. Mas a pureza de um pássaro que responde aos dissabores nacionais com a destreza de ser alvejado por pedras e manter a dignidade do ofício inalterada - não nos esqueçamos que quatro dias após o incidente, Garrincha e o escrete canarinho seriam bicampeões mundiais.Salve a rasa observação das mazelas sociais inserida numa crônica futebolística! Quem há de dizer que Nelson não tinha razão? Se não cabe a investigações acadêmicas da sociologia tupiniquim, ao menos serve para o pássaro Mané.
A mim, basta.Como basta o debute de Neymar em 2011.Sem “comparar o incomparável”, horas após a histórica apresentação de Neymar contra o Paraguai, voltou à tona sua declaração de que o “estilo” de seu futebol se igualava ao de Garrincha, no repertório endiabrado de dribles e na conseqüente desmoralização dos adversários – os “joões” tão familiarizados ao Mané. Mesmo entendendo a excitação do público diante de uma raríssima pérola do futebol brasileiro ou uma descabida heresia de “comparar o incomparável”, como defendem os saudosistas, não há o que comparar entre Garrincha e Neymar. Ouvi desde criança meu pai afirmar que Pelé e Garrincha não jogavam futebol, mas algo que, não encontrando pares com quem disputar, era parecido com o nosso ‘jogo de bola’. Em outras palavras: faziam algo “similar” ao futebol. Primorosa definição.Então, sem comparar “estilos” de jogo entre um e outro, como disse Neymar, me assanho a reafirmar que não há relações nos dois porque Neymar não é Garrincha (óbvio!), mas Garrincha também não é Neymar (?!).O que equiparo aqui não é a desproporcional discussão “quem foi melhor?”, por razões cristalinas, como a de comparar um ex-atleta a outro ainda em atividade, ou pior: Mané, como Pelé, não “jogavam” futebol, logo, nada se compara a eles. Desculpe, respeitável leitor, no entanto aprendi a amar futebol por causa do meu velho, e não vou discordar dele aqui. Como afirmei, cresci com isso. Não há como ser de outra forma. Garrincha e Pelé são inquestionáveis. E incomparáveis.Porém, o que esboço é confrontar características futebolísticas daquilo que é mais caro a Garrincha e Neymar: o drible. Tal qual Nelson Rodrigues atribui aos gracejos de Mané a delicadeza de uma raça - e a triste analogia a um passarinho apedrejado – recorro ao ‘anjo pornográfico’ para badular Neymar na mesma proporção “zoomorfizada”, ou seja, desumanizando o artista ao constituí-lo de “bicho” para, enfim, “antropomorfizá-lo”. Não farei como René Simões e denominá-lo de monstro, apesar do assombro que repercutiu sua atuação. Mas na busca de atribuir a seus dribles descomunais uma personalidade aos moldes rodriguianos, não encontro outra similaridade senão em Pégaso.Pégaso – ou Pégasus -, o cavalo alado, surgiu do sangue da cabeça decepada de Medusa por Perseu. Como prole de Medusa correndo pelas veias, Pégaso herdou uma individualidade infernal, um animal praticamente indomável. Oferecido às musas por Minerva, é considerado o presente dos poetas e evocado, por exemplo, por Milton e Shakespeare.É justamente neste corcel, dedicado às musas e, em conseqüência, aos poetas, que remeto ao controle e desafio que Neymar impõe durante uma partida. Uma das primeiras impressões que me causou ao vê-lo passar sem pedir licença pelos adversários foi a de quase flutuar pelo gramado com a bola nos pés. Não sei se pelo físico franzino, de pernas e braços esguios e ombros circunflexos, mas é hipnotizante como a jovem promessa parece transpor os adversários sem o mínimo esforço, abrindo as asas em vôos rasantes e certeiros, como o corpo alado de um Pégaso.E o rodriguiano “pássaro” Mané, também não voa? Não, na acepção do termo. O pássaro Garrincha, para Nelson Rodrigues, encontra significado no voo do ofício de Mané em campo, a tradução de um ser angelical, incapaz de ofender ou agredir qualquer pessoa, seja ela adversário ou não. E por tamanha incompreensão humana, seu apedrejamento configura-se numa imagem martirizada, cristã. Nelson parece pedir desculpas ao gênio de pernas tortas pela intolerância do público chileno; que compreendesse o flagelo de ser prostrado em sua própria casa pelo escrete canarinho. É como se nas entrelinhas, Nelson deixasse transparecer: “Perdoe, Mané, eles não sabem o que fazem”.
Mais nelsonrodriguiano, impossível.Já o futebol de Neymar é pagão (lembrou-se de Pagão, outro imortal jogador santista?). Evoca o mitológico Pégaso no controle subumano de caminhar sobre o ar sobrepujando-se a marcadores sedentos em surrá-lo, extinguir sua habilidade e magia por meio de empurrões, socos e pontapés. Impossível. Se o cristianizado Mané Garrincha, adequadamente chamado de o “anjo de pernas tortas”, impunha certa piedade a seus marcadores por tratá-los sem distinção de “joões”, Neymar é maquiavélico ao extremo: faz questão de impingir o desprezo e a humilhação em praça pública. Seu ritual de dança pré-ritmizada a cada gol é a ridicularização do oponente, tratando-o com tamanho desprezo ao tornar o gol assinalado fator secundário, apenas o leitmotiv do ritual frenético de seus passos. Como esquecer do “chapéu” em Chicão, do Corinthians, com o jogo paralisado? Ou da “paradinha” vexatória imposta a Rogério Ceni, do São Paulo? Ou do descontrole emocional ao final de uma partida, “jurando” um atleta do Ceará? Ou da descompostura hierárquica diante de seu técnico, Dorival Júnior? Tudo sob os holofotes do mundo, sem qualquer piedade cristã. Tal qual a fúria de Pégaso. Um “monstro”, segundo René Simões.O paganismo de Neymar também se ostenta naquilo que a cristandade capitula como pecado mortal: a vaidade. O seu moicano estilizado, longe da representação de resistência punk em tempos idos, aproxima-se dos pequenos chifres e cabelos selvagens dos sátiros, divindades gregas que guardavam os bosques e os campos. Neymar sabe muito bem onde impõe sua arte pagã.Se não bastasse a flutuação que desafia o sentido e a lógica dos mortais, por vezes Neymar faz desaparecer a bola sob seus pés. Repare no segundo gol deste último jogo: ele avança pela intermediária, acompanhado por dois marcadores paraguaios. Os adversários não oferecem combate, apenas se retraem. Neymar carrega a bola até invadir a área. Em milésimas frações de segundo, num lance de olhar repara em Henrique, livre na marca do pênalti, e no goleiro saindo para fechar o ângulo direito. Mas repare mesmo, leitor, com preciosa atenção, nesta micronésima fatia temporal, que a bola, com num passe de mágica, some! Ela retorna diante dos nossos olhos quando Neymar corta os dois zagueiros para a esquerda da defesa e suavemente desliza a bola à direita do goleiro – o famoso contrapé, no jargão futebolístico.Em relação à cadência no drible, os ritmos de Garrinha e Neymar se opõem. A finta de Mané é cristalina, límpida, pura, observada a quilômetros de distância. Muitas vezes a bola fica imóvel no gramado e apenas o corpo de Garrincha vai de um lado para outro, obrigando os adversários às suas ordens de movimento, imantando-os. Em outros momentos, com o marcador à frente, dispara com a bola nos pés e freia com rispidez, impulsionando o antagonista em sentido contrário sem tocá-lo, valendo-se da gravidade de Newton. Tudo muito plástico, muito nítido. A bola sempre à vista, flamejante. O objeto da existência divina na placidez diante dos olhos, como a simbologia cristã no uso de seus artefatos ritualísticos: a hóstia, o cálice, a cruz.Já Neymar, se há certa cristandade em seu futebol, é o craque barroco. Seu artifício requintado do tromp-l’oeil (engana-olho), técnica de escultores quinhentistas para figuras angelicais, atribuindo às peças uma espécie de tridimensionalidade, é o mesmo desafio que Rubens ou Rembrandt propunham em seus quadros, um ardor temperado ente claro-escuro que muito se assemelhava à visão dualista barroca, entre a observação antropocêntrica e a cósmica universal.Neymar tenta se equilibrar neste conflito: ao desaparecer com a bola, seu drible desmorona o resquício moral do oponente, enganando-o aos olhos de todos. Isso parece ser honesto?, deve se perguntar a todo instante. Garrincha não saberia responder.
Neymar sabe.O paganismo de seu futebol não o pune. Graças a Deus.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Futebol é guerra!" (E se joga mesmo com os pés?)



A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana.
Nelson Rodrigues


Ontem, quem folheasse o Olé!, o maior jornal de esportes da Argentina, encontraria duas páginas inteiras dedicadas “à batalha de Buenos Aires”, em referência à pancadaria pós-eliminação do Argentinos Juniors e à desclassificação, diante do Fluminense, para a próxima fase da Taça Libertadores da América. Por aqui, os tricolores se deleitavam com a manchete do periódico esportivo Lance!, em sua versão carioca: “Épico! Guerreiros do Flu arrancam vaga heroica na Argentina!”. Nos dois exemplares, envoltos à dramaticidade do jogo decisivo e do “quebra pau” promovido por jogadores e seguranças dos clubes, a constatação de que aquele instante monopolizou a disputa entre as equipes numa “batalha” entre “guerreiros” que valeu uma vitória “heroica” dos brasileiros. Documentados por estes e outros noticiários, o que restará do “épico” confronto entre Argentinos Juniors e Fluminense será a constatação maior de um confronto travado entre gladiadores numa acanhada arena portenha em relação à partida disputada em si. Em suma: é futebol ou é guerra?
Melhor dizendo, retomando o título do artigo: futebol é guerra. Uma guerra simbólica, como aponta Hilário Franco Jr. (1), e/ou de palavras, como veremos a seguir.
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Football se joga mesmo com os pés? Ao “pé da letra”, não. Associa-se o termo ‘futebol’ à raiz inglesa [foot] + [ball], ou seja, pé e bola ou pé na bola. Portanto, seria o esporte praticado com a bola controlada e disputada pelos pés, mas a relação não é tão simples assim. Na verdade, a nomenclatura football se refere a qualquer atividade esportiva que se executa a pé – “e não sobre cavalos, como vários esportes praticados pela aristocracia europeia ao longo dos séculos.”(2) Deste modo, contrapondo-se à britânica prática fidalga de exercícios sobre cavalos, como o polo (hóquei sobre grama), hipismo, equitação ou enduro equestre, o football consolidou-se na terminologia esportiva com o uso dos pés no chão, como, por exemplo, o rúgbi e seu “descendente”, o futebol americano. Assim, é fácil a dedução de que, mesmo praticado com as mãos, o football nos Estados Unidos ainda revela a raiz semântica inglesa.
Com as primeiras tentativas de uniformização das regras do “nosso” futebol, a partir de 1848, a Inglaterra passou a distinguir o football “com os pés” e “com as mãos”, batizando este último como rugby em referência à Rugby School, tradicional reduto de praticantes desta modalidade. Anos mais tarde, em 26 de outubro de 1863, na Freemason’s Tavern, centro de Londres, surge o Football Association, agremiação destinada à normatização das regras e à organização dos primeiros torneios futebolísticos. Da “associação”, como era conhecido este comitê, derivou-se a palavra “as[soc]iation” para soccer. Em países ex-colônias britânicas, como Estados Unidos, África do Sul e Austrália, chama-se assim o jogo de futebol, diferenciando-se das ramificações do football, como o rúgbi.
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É interessante notar que o mesmo football inglês do século XIX é berço para modalidades tão distintas, como o rúgbi e o futebol americano ou o soccer. Mas não menos curiosa a relação de “forças” ideológicas que se aplicam em cada prática esportiva. E por isso, o mesmo futebol, não importando a dualidade ramificada posteriormente, reserva em sua semântica a ação de superar o inimigo por meio da força, seja ela técnica, tática, mas, essencialmente, militar.
Uma partida de futebol pode ser “disputa”, “embate”, “peleja”, “confronto”, “duelo” etc., denominações recheadas de conotações bélicas. A medição de forças se dá no campo, em terreno extenso e plano, porém, acima de tudo, na síntese de uma arena de guerra. Wisnik (3) sugere que a nomenclatura “campo” e “luta” se encontram na mesma raiz alemã Kampf, ou ainda nas derivações camp[eão] (lutador) e camp[eonato] (batalha). Assim, estabelecido o espaço de luta, passemos à demarcação do perímetro. No “Manifesto do Movimento ‘Morte ao Futebol Moderno’” (17.03.2010), tratei da conjuntura simbólica que move um campo de futebol. Transcrevo a passagem:



“Como já se afirmou em tempos idos, o quadrilátero que abriga uma peleja futebolística nada mais é que a metáfora da condição humana, encarcerados que somos diante dos limites de sobrevivência impostos a cada um de nós. É também o espaço demarcado da existência. A medida retangular é na verdade a junção de dois quadrados que acolhem duas potências opostas, ou seja, ying/yang ou Apolo/Dionísio. Forças motoras que nutrem nossas decisões. A união destes opostos se dá pelo grande círculo central, o símbolo da perfeição e da ideia de totalidade.”


Já a definição espacial do futebol americano é esquadrinhada metricamente por traços que demarcam as jardas, como a cartografia do mapa norte-americano ou a conquista territorial por meio de estradas de ferro que cortam o deserto estadunidense. Aliás, este domínio de territórios - mote do football ianque - pode representar a devoção da sociedade norte-americana em desempenhos e resultados “visíveis”. Não é por acaso a insatisfação pública com o governo atual quando Barack Obama sugere cortes orçamentários de gastos públicos para artefatos belicistas.
As estratégias de posicionamento numa partida de futebol ( rúgbi, futebol americano ou soccer) também definem a função a ser desempenhada por cada praticante no campo de batalha, embora o soccer permita rupturas na operacionalidade do esquema tático através de lances improvisados que enganam e desestruturam a organização do oponente. Chico Buarque, em artigo para o Estado de São Paulo (21.06.98), ao assistir em Paris a uma pelada entre meninos europeus e filhos de imigrantes, revela que os “ricos” tendem a se comportar como os “donos do campo”, privilegiando o controle do jogo por meio da ocupação estratégica no terreno, o toque de bola previamente estabelecido e a marcação ordenada no adversário; já os “pobres” tendem ao controle da bola, às peripécias individuais e ao “desapego” de organização sistemática campal em prol do drible curto e rasteiro em direção à meta contrária. Neste sentido, pode-se cotejar tal dualidade de divisões sócio-culturais em modalidades esportivas e o desempenho, salvas raras exceções, de determinados “grupos”. Para as camadas favorecidas ou dominantes, obtêm-se melhor atuação em práticas esportivas que notabilizam a funcionalidade estratégica ou coletiva, como o rúgbi, o tênis, o vôlei e a natação; em outras, quando a modalidade admite que o improviso surpreenda o inimigo, em casos como o soccer, o basquete, e o boxe, o recurso do drible ou da finta equipara as “desigualdades” de classes através do domínio e da habilidade individual na execução do exercício.



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Este texto ainda continua...

Humildade e dribles

Por Ed Limas


Tanto Sócrates ( o grego filosofal ) quanto Jesus ( o Cristo ) não deixaram nada escrito, porém mudaram o mundo, ambos são exemplos de sábios humildes!
Sócrates fingia que nada sabia, artificío de um gênio para convidar seus discípulos ao conhecimento, Jesus pregava a humildade e ousou dar a outra face.
A humildade é sublime, ser humilde é zombar da arrogância.
A arte é a beleza elevada ao Olimpo, encontramos arte no futebol, em suas mais variadas formas, seja no lançamento de Zidane, no gol de Romário ou no calcanhar de Sócrates ( o corinthiano ).
Sou um amante das artes, dias atrás assiste ao filme "Cisne Negro" do diretor americano Darren Aronofsky (genial ), estou lendo 2666 do escritor chileno Roberto Bolaño ( muito bom ) e vi os dribles de Valdivia ( craque chileno do Palmeiras ) no jogo Palmeiras versus Santo André desta última quinta ( 21/04/2011 ). Sinceramente os dribles de Valdivia são belos, mas o player oriundo da terra dos mineiros heróicos ( nada a ver com Minas Gerais ) por vezes flerta com a arrogância.
O Santo André foi rebaixado no Paulistão, estava praticamente eliminado da Copa do Brasil ( naquele momento o Palestra vencia por 1 a 0 ) e o mago insistia em tirar onda dos atletas desta agremiação, sou visceralmente a favor da arte do drible, mas chutar cachorro morto...
Me parece que Valdivia não foi sábio, mas exigir sabedoria sócratica deste craque talvez seja demais.
Será que estou ficando careta?? criticar a arte em detrimento da suposta humildade???

"Só sei que nada sei"
Sócrates

sábado, 19 de março de 2011

Seu Cipriano saudosista

Por Ed Limas


Seu Cipriano é um nostalgico por essência, ele estava lá quando Garrincha fez seu último gol como profissional em uma peleja amistosa realizada em Ribeirão Preto, onde o Comercial e o Olaria se degladiaram em 1972. Garrincha estava com 38 anos e vários quilos a mais, mas deixou seu golzinho de pênalti. Envergando a camisa do Olaria, Garrincha se despediu do futebol. Seu Cipriano aumentou as doses de cachaça ( o combustível da alma ) quando o gênio parou de encantar o mundo.
Cipriano é santista, mas dizia que no fundo todo mundo é Botafogo!
Nossa herói vai ficando mais triste a cada despedida de algum gênio, ficou assim quando Zico e Platini pararam, ficou assim quando Ronaldo parou...
Bebendo e sonhando com o passado, assim é nosso herói da periferia.

Ps. Que o Ganso não pare de jogar nunca... O fígado do Seu Cipriano não aguenta mais...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Bruna Surfistinha e o cinema artificial




por Luciano Melo

Será difícil para o cinema brasileiro se desvencilhar das amarras de Tropa de Elite 2. Os fuzis apontados por Capitão Nascimento e sua trupe para a classe média pseudomoralista deste país refletem olhos fumegantes à espera de um contentamento efêmero e instantâneo, entre a fugacidade da reflexão social (ou moral?) e uma breve mea culpa pelo voyeurismo de tragédias anunciadas por vidas errantes, que pagam um preço “altíssimo” por escolhas mal sucedidas. Escolhas estas que apoiam a parede da narrativa até o momento delas mesmas desmoronarem, passando de escoras a tijolos frágeis de muralha derretida, incomodando-nos na poltrona almofadada da sala de projeção. O xis da questão é que a redenção final a qual se acostumou o público não é necessariamente o que ocorre em Bruna Surfistinha, filme debute de Marcus Baldini, o que talvez provoque certo desconforto ao final da exibição – menos pelo final desafiador que pelas arestas mal aparadas ao longo da película.

Mas deixemos claro que Baldini mais acerta do que erra. Roteirizou a várias mãos O Doce Veneno do Escorpião, da “cinderela trash” (como o próprio diretor aventa) Bruna Surfistinha, ou simplesmente Raquel Pacheco, a menina adotada em berço de ouro que largou a casa bem montada, a escola de elite paulistana e o silêncio do pai para provar (a si mesma?) (a todos?) de que era possível sobreviver às próprias custas – mesmo por alternativas pouco ortodoxas. Durante todo o tempo, o filme persegue as razões destas escolhas, como se a protagonista tentasse explicar, perante a moralidade aguçada do espectador, que a condenação por se prostituir não é justa: não há culpados ou vítimas – apenas escolhas, que nem sempre entendemos porque tomamos. O que para muitos diretores seria um prato cheio, Baldini faz de Bruna sua cinderela “às avessas”, sem nenhuma martirização ou o prosaico “refém de uma vida”: apenas a expõe pelo coloquialismo do deslumbramento, a aceitação de ser a “menina mais famosa do colégio ou sacar que os relatos num blog aglutinariam fama e dinheiro. Nada mais prosaico para uma menina de dezoito anos – mas não pelo caminho traçado por Surfistinha.

Daí resulte uma das derrapagens de Marcus Baldini. Como o mentor José Padilha, retoma a narrativa em “off” da protagonista para costurar o que ao leigo espectador tenha lhe escapado ou, como um coro edipiano, dar voz à consciência moralizadora. Em nenhum destes ou em outros casos, isso parece ter eficiência para Bruna Surfistinha. Se com muita boa vontade isso se explicava no piegas discurso “heroico-patriotico” de Nascimento, na personagem de Deborah Secco soa como aquela mea culpa do “não é isso que eu estou dizendo” ou “não foi isso que eu quis dizer”. Em outras palavras, fica o dito pelo não-dito. Tais reflexões freudianas poderiam ser, por exemplo, mais reveladoras em posts do blog. Por sinal, a “blogueira” Surfistinha foi mal explorada na película, restringindo-a apenas em mínimas cenas na frente da tela, em variações de caras e bocas, sem muito dizer o porquê. Se a equação “livro + roteiro = filme” teve seu embrião nas divagações numa tela de computador, isso passa à margem das ações no filme de Baldini, como, aliás, o fez tão bem David Fincher com a sua A Rede Social.

Mas se é para rezar na cartilha de Padilha da necessidade de “o” / ”a” protagonista, Baldini acerta o alvo na escalação de Deborah Secco para o papel. Embora esteja eqüidistante da menina Carol em “Confissões de Adolescente”, e por isso a fase “mocinha” de colegial seja um pouco forçada nos dias atuais, principalmente quando contracena com atores “da sua idade”, Deborah “sobra” como Surfistinha. Convence na cena de sua “primeira vez” profissional com o Huldson, interpretado por Cássio Gabus Mendes, um cliente bem-sucedido que não deixa claro se deseja ser amante ou pai de Bruna. Porém, um dos episódios mais comprometedores do filme, a cena do jantar de luxo do casal, Huldson recupera as joias da mãe de Bruna, roubadas por uma prostituta. Se não bastasse faltar as palavras para ela, Huldson emenda uma “pérola junguiana”: “Acho que você ainda não se encontrou dentro de si”, ao qual Surfistinha rebate “Se você me encontrar, você avisa?” É dose, não?

Já arrebatadora sequência na Love Story beira a perfeição. Baldini capta o espírito moulin rouge de Deborah, desde sua entrada triunfal até “perder” os sentidos nos passos de pole dance, a dança no poste, culminando com a “propina” ao policial no meio da Rua Augusta. É o único momento em que a atriz cede terreno a sua antagonista, a noite paulistana de casas e calçadas de prostituição. Mas é nesta relação intrínseca com a São Paulo das boates da Consolação aos becos da Cracolândia que Surfistinha sublima seu hiperego, como se a cidade existisse a seus pés. Baldini “divide” com “Carlão” Reichenback, Sganzerla e Ozualdo Candeias esta tomada de rara felicidade da cinematografia paulistana atual. E faz Deborah Secco se afeiçoar a Sandra Bréa no plano-sequência no interior do veículo, para depois “jogar-se” com o tronco para fora da janela. Bravo!

Estamos na metade do filme e, de agora em diante, Baldini perde a mão. Parece que falta pouco tempo para a “ascensão e queda” de Bruna Surfistinha, do atendimento prive no flat de luxo alugado à derrocada financeira pela cocaína. Tudo recheado por diálogos clichês e reflexões casuais. Tudo motivo para mais narração em “off”, como se quisesse amarrar tudo, embrulhar para presente e entregar para o espectador mais desatento. Desperdício de tempo e paciência.

Publicitário de profissão, Marcus Baldini sabe da “alma do negócio”. Meses antes à edição final de Bruna Surfistinha, o diretor enviou uma cópia pré-editada para Thom Yorke, vocalista do Radiohead. Se gostasse do que visse, pediria o arrasa-quarteirão Fake Plastic Trees na trilha sonora. Pedido aceito, mas parece enxertado “a fórceps”. Ou artificial.

Como a cena final, em que Deborah abre a porta para você, desafiando-o a entrar.

Você recusaria?


Her green plastic watering can

For her fake Chinese rubber plant

In the fake plastic earth

That she bought from a rubber man

In a town full of rubber plans

To get rid of itself


O seu regador verde de plástico

Para a sua falsa planta chinesa artificial

Na terra artificial de plástico

Que ela comprou a um homem de borracha

Numa cidade cheia de planos de borracha

Para se livrar de si mesma

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Domingo de clássico

por Claudio Domingos Fernandes
*
O mais novo dos meninos balouçava os pés ao ar sentado no galho da goiabeira. O outro corria atrás do cachorro com uma vala na mão. O mais velho ouvia Benito de Paula na vitrola da tia, que estava na cozinha ajudando a mãe com o bolo. O pai e o tio e dois amigos do pai, na varanda, pitavam cigarro e jogavam dominó. A bandeira do Timão tremulava presa à vara do varal. Um dos amigos do pai era palmeirense. Os outros caçoavam dele, mas ele mantinha-se na dele, pois confiança no seu “escrete”. No rádio: Fiori e Gilioti anunciava: "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo...". O pai então gritou: “baixa a vitrola e tras um café aqui pra nós”. O mais velho desligou a vitrola e veio para a varanda dar apoio ao palmeirense. A tia trouxe o café e chamou os outros dois meninos para o banho que: “o bolo estava quase pronto. O pai todo animado, parecia jogar com o time: “Vai Sócrates!... Força Biro-Biro!... Muito Bem, Vladimir!...” Quando Sócrates fez o primeiro gol, o pai soltou rojões, beijou a mãe, jogou o mais novo ao ar, que abriu um sorriso... "E o tempo passa…" O bolo encheu de perfume toda a casa. Eneas empata para o palmeiras. Agora era o amigo do pai e o mais velho a fazerem festa... "Crepúsculo de jogo", fim de domingo. O pai e o tio na varanda discutem animadamente a partida e fazem aposta para o próximo jogo. A mãe e a tia foram à missa. O mais novo dos meninos e o outro fazem bolinhas com migalhas de bolo e jogam ao cachorro. O mais velho voltou para a vitrola e ouve Alcione e se prepara para ir à praça encontrar os amigos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Buddy Holly nerd rocker

Por Ed Limas

Buddy Holly tocava violino e piano na infância, e na adolescência ganhou sua guitarra. Quando se uniu ao Crickets, aos vinte anos, já havia lançado alguns discos pela Decca e apresentado um estilo único juntando lirismo e blues.
Nos primeiros tempos do rock n roll, Buddy Holly e os Crickets lançaram obras tais quais That´ll be the day e Peggy Sue. Buddy Holly influenciou adolescentes ao redor do mundo, inclusive 4 carinhas da periferia de Liverpool, que depois se tornaram a maior banda de rock de todos os tempos... não preciso mencionar quais eram os caras, né?!
Buddy era miope e usava camisas comportadas, um visual nerd rocker!
Nosso herói do rock partiu deste mundo carnal muito jovem, em 03/02/1959 Holly pegou um avião com destino a cidadezinha americana de Fargo, estava acompanhado das lendas Ritchie Valens ( La Bamba te lembra alguma coisa ) e Big Bopper Richardson, este avião não chegou a seu destino. E o destino destes artistas do rock foi tragicamente traçado.

Buddy Holly é gênio da raça!!!!