quarta-feira, 31 de março de 2010

Jegue da raça vol. II




Olá caros amigos e amigas!
Hoje falarei de uma pessoa que muito dignifica o nosso pais, ele carrega ao lado do cantor pop brega Roberto Carlos ( vai dar polêmica ) a alcunha de Rei, só no Brasil mesmo! Dois reis em um pais Repúblicano. O rei em questão é o Pelé, dentro das quatro linhas ninguém ousou jogar mais, um gênio do futebol, um herói tricampeão, multi campeão no Santos, orgulho de nossa nação.
Mas segundo outro gênio de plantão: " Pelé calado é um poeta"! Diria mais... Pelé calado é um misto de T.S Elliot e Drumond, calado não é um mero poeta, nosso herói futebolista quando não utiliza as cordas vocais é o mestre dos mestres ( ele canta mal pra caramba ).
Caros leitores minha fúria possui lógica, pois Pelé do alto de seu trono afirmou: " Dunga não precisa do Ganso!! "
Nós do Morte ao Futebol Moderno estamos estarrecidos, como pode o baluarte do futebol bonito falar algo tão sem noção, como o craque do futebol ele deveria defender a beleza, defender a arte, defender Ganso na seleção brasileira.
A quem Pelé quer agradar? Fazendo média com o Dunga... Baixou o exú Branca de Neve no Pelé? Desculpem a revolta!
Quem você prefere na seleção Ganso ou Júlio Batista? ( nada contra o reserva da Roma )

Troféu Jegue da raça vai para o Rei nesta semana!!
ps. não acredito na monarquia e ouça The Clash!!!!


Ed Limas

terça-feira, 30 de março de 2010

Um lenço para Armando


O troféu "Gênio da Raça" desta semana está de luto. Nos deixou Armando Nogueira, aos 83 anos. Talvez tenha sido ele o primeiro cronista esportivo a aproximar a literatura do futebol neste país, pois nunca antes dele o requinte e o apuro com a palavra eram a primazia nos textos sobre o esporte bretão. Após o caminho traçado, vieram outros, no rastro do mestre: Nelson Rodrigues, João Saldanha e, ainda na ativa, os fiéis seguidores Ruy Castro, João Máximo, Xico Sá e Tostão, para ficar em alguns. Todos órfãos. Como nós.
Armando escreveu uma vez que "Garrincha faz de um lenço seu latifúndio", para tentar explicar a inexplicável capacidade dos dribles de Mané em minúsculos espaços do campo. Faço de sua metáfora a imagem de uma despedida: um lenço para Armando!
Armando Nogueira é Gênio da Raça. É Morte ao Futebol Moderno.

O trem da vida

por Luciano Melo
*
Construímos o cômodo há pouco mais de dois anos. Era sonho de meu pai dispor de um espaço extra na casa como um clube social, um recanto para exercer o prazer de uma boa prosa. “A sala”, diz ele, “é feita para as mulheres tricotarem”.
Nisso não tiro sua razão. Há um prescrito ritual ao se “fazer sala” para alguém. Os anfitriões disparam à frente da visita para averiguar o estado do recinto. Numa rápida execução, organizam toda a porcariada espalhada pelos cantos do ambiente: jornais, almofadas, chinelos, controles, bibelôs... para, em seguida, dispararem a corroída fórmula “não repara na bagunça!” Então, os visitantes são alocados nos melhores lugares do sofá, geralmente localizados à frente da televisão. Liga-se o aparelho apenas para “harmonizar o local”, mesmo que naquele instante um âncora engravatado esteja disparando enchentes e chacinas para todos os lados, pois o que interessa mesmo é pôr a conversa em dia. Poucos minutos depois, chegará uma bandejinha prateada repleta de quitutes e uma garrafa térmica com o cafezinho passado na hora.
Aliás, a hora da boca livre é o termômetro do sucesso do evento. Se o encontro estiver animado, as guloseimas serão desprezadas como um cão abandonado e o café congelará na xícara, tamanho o interesse na vida dos outros. Mas, se o rumo prosa for de uma sonolência sem fim e a maior novidade é que o filho da sua querida tia (aquele mesmo mala que sempre te aporrinhou) enfim tirou o diploma e se formou em... 2006! Bem, é melhor repor os petiscos e botar a água no fogo.
Não, definitivamente meu pai não queria isso.
Para maior privacidade no local, até construímos um minúsculo banheiro para não atrapalhar o cotidiano da casa. E garanto ao raro leitor: o espaço sobrevive em plena democracia!
Como somos apaixonados santistas, meu pai comprou uma televisão para acompanharmos os jogos do glorioso alvinegro praiano. Estaríamos assim isolados de toda a complexidade antropológica que reserva a ocasião retratada acima. Nada, mas nada mesmo contra a quem de coração e braços escancarados recebemos em nossa humilde choupana, mas a apreciação de uma partida de futebol requer uma dedicação franciscana. Desculpe, mas não dá para conciliar os prazeres e os dissabores de uma peleja do Santos FC com as desventuras errantes de acatados parentes. Sorry.
Para parcos momentos íntimos da vida, privacidade é tudo. Nisso, raro leitor, você não há de discordar.
E, ao léu da proa, sem a menor intenção, nosso espaço se tornou um retiro maçônico para arrebatados torcedores de futebol, santistas ou não. Mas, ressalto: aqui, as viúvas de Pelé são maioria.
Como o Juarez, um caso à parte.
Juarez foi o neófito do clube. O primogênito. Da mesma idade de meu pai, era um torcedor incomensurável do Santos FC. Fazia pose de ranzinza e qualquer claudicação de um jogador era a razão de excomungá-lo por quatro gerações passadas e três vindouras. Eu não entendia isso, mas meu velho, sim. Os dois viram inúmeras vezes in loco o mágico esquadrão alvinegro desfilar no imaculado Pacaembu, em longínquos anos 60. Então, voltar à terra firme e, cinco décadas transcorridas, comparar este mundo com aquele é ingênua quimera. Meu pai sabia disso. Juarez, não.
No entanto, era delicioso assistir às batalhas santistas com ele ao lado. No dia anterior a uma partida, encontrava-o bufando, desfechando mil demônios contra a possível escalação do time. Nunca, mas nunca mesmo, concordava com os onze que estariam recheando o manto santista no dia seguinte. Já nas horas antes da peleja, ninguém o encontrava em canto algum. Acho que ele ficava se remoendo em sua poltrona preferida, perfilando inusitadas jogadas que, por esmero, resultariam em gols naquela tarde. Talvez já as tivesse deslumbrado quando convivia com os fabulosos negros Mengálvio, Dorval, Lima, Coutinho, Edu e Pelé. Mas o fato é que nenhuma viv’alma topava com o Juarez neste momento. Era a profunda clausura num mausoléu medieval.
Então, restando escassos minutos para a peleja, chegava Juarez. Cara amarrada, praguejando contra tudo. Até dos patrocinadores que emporcalham a brancura do véu santista.
Ele tinha razão.
Durante o jogo, era impossível se conter. Mais pragas e pragas. A cada ataque desperdiçado, arrancava com atrocidade um surrado boné e alisava os poucos fios de cabelo que ainda resistiam sobre a cabeça ensopada de suor. Roia vorazmente as unhas e, quando já tinha mais o que comer, cerrava os punhos até arrebentarem as veias pelo dorso das mãos. No intervalo, mais insultos. Praguejava até contra o replay, como que se ali pudesse mudar a sorte do lance. Era incorrigível.
No momento do gol, enquanto nos abraçávamos num combinado de alegria e alívio, Juarez cobria o rosto com o empapado boné e levantava os dois punhos ao firmamento, quase como numa prece. Ainda tenho comigo que devia pronunciar algo parecido a um credo, com o rosto encoberto.
Retornado do transe, voltavam as pragas. E mais pragas. Embora, se num lampejo o ataque alvinegro faiscasse uma tabela, um lançamento preciso, um passe de letra, Juarez esgarçava o canto da boca, imitando um sorriso. Quem sabe voltasse ao passado naqueles ínfimos segundos.
Seja como for, sua fama cresceu. Muitos passaram a freqüentar nosso recinto pela pura traquinagem de compartilhar uma partida com ele. Sua rabugentice era deliciosa! E as histórias? Eram imperdíveis. A cada jogo, com memória prodigiosa, relembrava partidas e jogadores que nunca saíram de sua alma alvinegra.
Hoje, nossa coletividade recebe novos integrantes. Aficionados santistas da rua e adjacências freqüentam nosso recinto para apreciar a fuzarca que os meninos provocam a cada prélio. Eu e meu pai nos orgulhamos disso.
Infelizmente, no final do ano passado, por conta de graves problemas renais, Juarez foi embora antes do combinado. Ainda o trouxemos para casa depois de seguidas internações, mas o velho rabugento, teimoso, nos deixou.
No hospital, eu e meu pai fomos visitá-lo. Não sabíamos que era a última vez que iríamos trocar algumas palavras. Na maca, cheio de agulhas perfurando os braços, os olhos pálidos e fundos, os fios de cabelo desgrenhados e bastante debilitado, com dedo indicador pediu para me aproximar e sussurrou bem baixinho, quase imperceptível:
- Ainda dá para ser feliz com o Santos?
Erroneamente, respondi que não se preocupasse com aquilo. O importante era sair dali com saúde para ainda desfrutar da vida. Hoje, acho que o melhor seria ter engatado uma conversa descontraída sobre futebol, mulheres, ou o assunto que fosse. Ele sabia que aquele era nosso último encontro.
Desculpe, leitor, mas não consigo mais escrever. Meus olhos, por mais que tente secá-los, não dão mais conta de enxergar a tela.
Obrigado, Juarez, meu velho. Sempre dá para ser feliz com o Santos. A vida sempre vale a pena.

sábado, 27 de março de 2010

Jegue da Raça




O intelectual de vanguarda e nas horas vagas goleiro do Flamengo Bruno, filosofou nos microfones frases de enorme impacto do ponto de vista intelectual, em pleno dia internacional das mulheres o culto arqueiro afirmou: "- Quem nunca trocou ou deu uns tapas em mulher".
O genial goleiro tomou uma bronca da Presidenta do Flamengo Patricia Amorin ( a mais bela presidenta que já vi, uma beldade). O cerebral goleiro Flamenguista proferiu esta magistral frase ao defender seu colega de profissão Adriano, vulgo o Imperador! O Imperador curte amarrar sua equilibrada namorada em árvores e afins...
Bruno merece o troféu Jegue da raça ( nada contra o equino mais charmoso do norderte)

Ed Limas

segunda-feira, 22 de março de 2010

Chech; Grygera, Chivu e Fletcher; Petrov, Baros, Mutu, Robbie Keane e Arshavin; Adebayor e Ibrahimovic.
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O que estes jogadores têm em comum?

por Ed Limas
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Ser híbrido, meio Sócrates, meio Rivaldo, com pitadas de Pita. Eis que na Vila mais famosa surge o mago que faz o tempo parar quando a bola está literalmente a seus pés.
Ele atende pela singela alcunha de Ganso, simplesmente Ganso.
Seu repertório conta com dribles nostálgicos, do tempo que a música e o cinema nos faziam chorar.
Paulo Henrique Ganso é Morte ao Futebol Moderno!
Garoto Gênio da Raça!
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PS - Sou corintiano.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Manifesto do Movimento "Morte ao Futebol Moderno"




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por Luciano Melo
1. O campo. Como já se afirmou em tempos idos, o quadrilátero que abriga uma peleja futebolística nada mais é que a metáfora da condição humana, encarcerados que somos diante dos limites de sobrevivência impostos a cada um de nós. É também o espaço demarcado da existência. A medida retangular é na verdade a junção de dois quadrados que acolhem duas potências opostas, ou seja, ying/yang ou Apolo/Dionísio. Forças motoras que nutrem nossas decisões. A união destes opostos se dá pelo grande círculo central, o símbolo da perfeição e da ideia de totalidade. Para resumir a conversa, é Deus. Duvida? Em outubro de 1974, na sua partida de despedida do futebol, curiosamente contra a "Ponte" Preta, Pelé cruzou a "ponte" da divindade para a mortalidade num gesto secular: ajoelhou-se no ponto central do grande círculo com as mãos estendidas em forma de cruz. Perfeição? Deus? Pelé? Seria a representação do que, afinal?
2. A bola. O mote da disputa e da conquista de todos, representante da beleza geométrica e de toda a complexidade esférica em que repousa o símbolo da perfeita simetria, é idolatrada por pobres e oprimidos espíritos que veem na circunferência do objeto a imagem do mundo. Duvida? Lembre-se da arrebatadora cena do apocalíptico "O Grande Ditador", quando Carlitos/Hitler brinca com a bola/planeta, retorcendo-se em mil piruetas sem deixá-la tocar o chão. Seria a representação do que, afinal?
3. A paixão. Uma partida de futebol resguarda em si a plenitude do gáudio da existência humana, lançada à arena das paixões e das desilusões. Aguardamos a fração milionésima de segundos entre o olhar do craque e o toque milimétrico na bola, repousando-a no mais inatingível e imponderável espaço que ela possa encontrar. O tempo não avança, quase retrocede. Somente os gênios, os quase deuses, possuem tal feitiço. Já os deuses... Duvida? Ai de nós, estúpidos homens, quando Cupido nos escolhe. Naquele milionésimo segundo, nosso olhar atinge cada espaço milimétrico de Afrodite, lançando-nos às mais intensas labaredas da carne, à voluptuosidade pecaminosa acesa em cada poro.
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Ai de nós, estúpidos homens. Uni-vos!