sábado, 26 de fevereiro de 2011

Domingo de clássico

por Claudio Domingos Fernandes
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O mais novo dos meninos balouçava os pés ao ar sentado no galho da goiabeira. O outro corria atrás do cachorro com uma vala na mão. O mais velho ouvia Benito de Paula na vitrola da tia, que estava na cozinha ajudando a mãe com o bolo. O pai e o tio e dois amigos do pai, na varanda, pitavam cigarro e jogavam dominó. A bandeira do Timão tremulava presa à vara do varal. Um dos amigos do pai era palmeirense. Os outros caçoavam dele, mas ele mantinha-se na dele, pois confiança no seu “escrete”. No rádio: Fiori e Gilioti anunciava: "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo...". O pai então gritou: “baixa a vitrola e tras um café aqui pra nós”. O mais velho desligou a vitrola e veio para a varanda dar apoio ao palmeirense. A tia trouxe o café e chamou os outros dois meninos para o banho que: “o bolo estava quase pronto. O pai todo animado, parecia jogar com o time: “Vai Sócrates!... Força Biro-Biro!... Muito Bem, Vladimir!...” Quando Sócrates fez o primeiro gol, o pai soltou rojões, beijou a mãe, jogou o mais novo ao ar, que abriu um sorriso... "E o tempo passa…" O bolo encheu de perfume toda a casa. Eneas empata para o palmeiras. Agora era o amigo do pai e o mais velho a fazerem festa... "Crepúsculo de jogo", fim de domingo. O pai e o tio na varanda discutem animadamente a partida e fazem aposta para o próximo jogo. A mãe e a tia foram à missa. O mais novo dos meninos e o outro fazem bolinhas com migalhas de bolo e jogam ao cachorro. O mais velho voltou para a vitrola e ouve Alcione e se prepara para ir à praça encontrar os amigos.

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