quinta-feira, 23 de junho de 2011

Do barroco a Baudelaire: o Santos conquista a América

Ao Juarez in memorian






Confesso, não consegui escrever nestes dias. A você, desprezado leitor deste espaço, gostaria de traçar, nestes últimos dias, algumas mal escritas linhas sobre este histórico confronto entre clubes tão tradicionais do futebol mundial, como Santos e Peñarol. Confesso, até me endividei adquirindo alguns livros sobre a história do futebol sul-americano para não dizer alguma besteira - além das que normalmente já digo - e fornecer ao famigerado espectador um pouco da mística que sustentava o choque entre uruguaios e brasileiros, recheada de episódios violentos e apaixonantes (e quem disse que a paixão e a violência não caminham juntas?). Enfim, durante estas últimas semanas, minha intenção era realizar um pequeno dossiê entre Montevidéu e Santos-São Paulo, mas, confesso, não tive condições psicológicas para tal.
Não pude porque nem de perto sou da linhagem de Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira ou João Saldanha. Estes, torcedores apaixonados por seus clubes, eram, sobretudo, cronistas ímpares de futebol. Tinham os ouvidos aguçados pela Musa inspiradora e pingavam o veneno da palava em cada boca incalta de leitor. Transformavam cada linha do amarelado jornal numa vereda poética que sublimava o estádio de futebol e tomava de assalto o coração de cada um de nós. Eu, confesso, sou aquele que ama o seu clube - e só! Não tenho a pena destes escritores - e por isso sou aquele garoto que espera em vão um olhar despretencioso de Afrodite ou um lance fortuito para oferecer um mimo - mas sempre há alguém, brindado pelos deuses, com um arsenal melhor de caça.
Por isso, confesso, indigno de expressar dignamente o mágico triunfo santista na noite de ontem, recorro a dois textos já publicados aqui para fazer jus à conquista continental. Desculpe, Nelson, Mário, Armando e João. Não tenho ouvidos para a Musa.


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Nascer, Viver e, no Santos, Morrer!

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