sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Paul MacCartney e o futebol


por Luciano Melo

Um beatle está entre nós. Parece bobagem, mas hoje Sir Paul divide conosco este mesmo ar embolorado e modorrento de final de tarde. Numa destas, na última quarta-feira, em meio a telefonemas e vodka com soda, há quem jure que MacCartney não desgrudou os olhos do clássico de Wembley, Inglaterra x França. Como onze em cada dez ingleses, ele é fanático por futebol.
Mas muita gente discorda. Brian Epstein, primeiro empresário dos Beatles, proibiu que o grupo declarasse em público seu time de coração, temendo que isso afastasse ou dividisse os fãs – só para se ter ideia da importância do futebol na Inglaterra. Por isso, muitas dúvidas surgem quando este assunto vem à tona: para quem os Beatles torciam?
Como não pretendo esgotar a discussão, minha intenção é apenas acalorar o debate, pôr mais uma dose de soda nesta vodka. Ou seria o contrário?
Nos anos 70, Paul MacCartney foi visto várias vezes em Anfield Road, estádio do Liverpool, acompanhando as partidas dos reds. Durante a década, o Liverpool FC foi uma verdadeira máquina de futebol: cinco títulos ingleses e bicampeão europeu. Paul aproveitou o embalo futebolístico dos reds na Europa e associou o clube à cidade natal da ex-banda, tentando provocar uma “febre beatlemaníaca” na carreira solo. Genial, não?
Contudo, oportunismos à parte, Paul MacCartney, influenciado pelo pai, é apaixonado pelo Everton FC, que diante do Liverpool FC constitui a maior rivalidade da cidade. Todo blues que se preza, tem a gravação não-oficial de Paul cantando o hino do Everton FC.
E quem explica o rosto de Albert Stubbins, astro do meio-campo do Liverpool FC, perdido entre celebridades na capa de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band? John Lennon. Em 2009, Pete Best, o baterista que perdeu o posto para Ringo Starr durante as gravações de Please Please Me, afirmou que Lennon, quando criança, tinha o sonho de atuar pelos reds. Era difícil não encontrar Lennon correndo atrás de uma bola pelas ruas esburacadas de Liverpool. Emblemática, diante disso tudo, a capa de Walls and Bridges (1974), pintada por Lennon em 1952, aos onze anos. Brian Phillips, biógrafo do ex-beatle, remete a pintura à decisão da Copa da Inglaterra de... 52, entre Newcastle e Arsenal. Interessante, não?

Já Ringo Starr é Arsenal FC, desde os tempos em que o padrasto viajava com o garoto para Londres e se juntava com os fanáticos gunners. O jovem Starkey sofria mesmo quando o Arsenal vinha até Liverpool enfrentar o Everton no Goodison Park, estádio dos blues. Fora ele e o padrasto, toda a família era torcedora do Everton.
E George Harrison? Ao que consta, não ligava para futebol. Era apaixonado por automobilismo. Quando questionado por sua paixão “clubística”, saía-se muito bem: “Em Liverpool, existem três times. Eu torço pelo terceiro”.

Para não dizer que não falei das flores: nosso quinto beatle é Best, mas não Pete, mas George.

George Best é Gênio da Raça. E é Morte ao Futebol Moderno.

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